Os preços de locação de imóveis cederam em 2024, segundo o Índice de Aluguel QuintoAndar Imovelweb divulgado nesta sexta-feira, 10. No acumulado do ano passado, nenhuma das seis capitais analisadas apresentou variação acima de 15%, diferentemente de 2023, quando Belo Horizonte e Curitiba registraram altas acima de 20%.
“Após a queda nos preços na pandemia, houve uma aceleração muito grande em 2023, o que fez com que tivéssemos um arrefecimento em 2024″, explica o gerente de dados do Grupo QuintoAndar, Thiago Reis.
Apesar da alta acumulada menor, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre encerraram o ano passado com o maior valor nominal de aluguel por metro quadrado da série histórica do indicador, iniciada em 2019, sendo Brasília a única exceção. Reis avalia que o avanço dos preços está associado ao aumento da demanda pelo aluguel, com queda do desemprego e aumento real da renda das famílias.
Em 2024, o valor nominal por metro quadrado desacelerou em três das seis capitais analisadas, em comparação com o ano anterior. A maior desaceleração foi em Belo Horizonte (22,88% para 13,71%), a R$ 38,36. Em seguida, aparecem Rio de Janeiro (17,87% para 10,16%), a R$ 42,22, e Curitiba (21,03% para 15,34%), a R$ 42,02.
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Em contrapartida, houve aceleração em Brasília (9,09% para 15,73%), a R$ 49,94, Porto Alegre (13,83% para 14,71%), a R$ 36,84, e São Paulo (9,70% para 9,72%), a R$ 65,63.
Para Reis, a variação “atípica” em Porto Alegre foi influenciada pelas enchentes no Rio Grande do Sul entre abril e maio do ano passado. “Vimos uma desaceleração do preço por quase dois ou três meses. Depois disso, ele voltou a acelerar, teve repique e fechou o ano em 14,71%”, detalha.
Já em Brasília, Reis aponta que é um caso diferente das demais capitais avaliadas. “Brasília tem um fluxo de mudança bastante elevado, por conta do funcionalismo público”, pontua. “Entendemos que a decisão de comprar uma casa própria é de longo prazo, e a cidade não tem essa vocação. Muita gente ali está de passagem”, acrescenta.
O índice aponta ainda para a valorização dos imóveis menores, de um quarto, devido ao aumento na demanda por eles. Segundo o QuintoAndar, o preço médio do metro quadrado dessas unidades cresceu mais que o de imóveis de dois e três dormitórios na maioria das cidades analisadas. “As pessoas voltaram a procurar imóveis perto dos grandes centros e polos de emprego, com acesso facilitado ao transporte público, o que fez a demanda por apartamentos mais acessíveis crescer”, afirma Reis.
Avanço no início de 2025
Após essa desaceleração em 2024, os preços de locação devem avançar nos primeiros meses deste ano, pela sazonalidade do período de férias e alta temporada, segundo Thiago Reis. “É um período em que a demanda já é tradicionalmente maior, seja por conta de contratos que estão sendo encerrados, seja por conta de decisões pessoais para mudar de casa durante as férias escolares”, afirma.
Para 2025, ele aponta que o cenário macroeconômico mais desafiador do que em 2024 — com a taxa Selic em patamar mais restritivo e perspectiva de desaceleração no mercado de trabalho —, além da mudança nas regras de financiamento da Caixa, devem contribuir para que a demanda pelo aluguel de imóveis acelere, com as pessoas adiando os planos de adquirir uma casa própria.
“Talvez, nós vejamos uma reversão dessa tendência de desaceleração”, observa. “Precisaremos acompanhar durante o ano como o mercado se comporta, mas é bem possível que os preços do aluguel continuem elevados e sob uma certa pressão, dado esse contexto macroeconômico.”
A alta demanda por imóveis menores deve continuar neste ano como uma forma de encontrar um apartamento em um bairro bem localizado, mas por um preço menor, aponta o gerente de dados do QuintoAndar.