Nobel de Economia 2023 vai para Claudia Goldin, por estudos sobre as mulheres no mercado de trabalho
Economista é apenas a terceira mulher a receber o prêmio, anunciado pela Academia Real de Ciências da Suécia nesta segunda-feira, 9
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Por Redação
Atualização:
O Prêmio Nobel de Economia de 2023 foi concedido nesta segunda-feira, 9, para a economista norte-americana Claudia Goldin, “por ter avançado nossa compreensão dos resultados das mulheres no mercado de trabalho”, afirmou a Academia Real de Ciências da Suécia. Ela é apenas a terceira mulher a receber o Nobel de Economia: antes dela, Elinor Ostrom foi a vencedora em 2009 e Esther Duflo em 2019.
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Goldin analisou 200 anos de participação das mulheres no mercado de trabalho, mostrando que, apesar do crescimento econômico contínuo, os ganhos das mulheres não se equipararam aos dos homens e a diferença ainda persiste, mesmo que as mulheres tenham alcançado níveis mais altos de educação do que os homens.
“Compreender o papel das mulheres no mercado de trabalho é importante para a sociedade. Graças à pesquisa pioneira de Claudia Goldin, agora sabemos muito mais sobre os fatores subjacentes e quais barreiras podem precisar ser abordadas no futuro”, explicou Jakob Svensson, presidente do Comitê do Prêmio em Ciências Econômicas.
Goldin não oferece soluções, mas sua pesquisa permite que os formuladores de políticas abordem o problema arraigado, disse Randi Hjalmarsson, membro do comitê do prêmio. “Ela explica a origem do hiato (entre homens e mulheres), como ele mudou ao longo do tempo e como varia de acordo com o estágio de desenvolvimento. Portanto, não há uma medida única”, disse Hjalmarsson.
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“É uma questão política complicada porque, se você não souber o motivo subjacente, uma medida específica não funcionará”. Entretanto, “se finalmente entendermos o problema e o chamarmos pelo nome correto, poderemos traçar um caminho melhor para o futuro”, disse Hjalmarsson, que acrescentou que as descobertas de Goldin têm “enormes implicações sociais”.
Goldin teve de fazer um trabalho de detetive para encontrar os dados necessários para sua pesquisa, disse Hjalmarsson. As estatísticas sistemáticas do mercado de trabalho não foram registradas em alguns períodos e, quando existiam, faltavam informações sobre as mulheres.
“Então, como Claudia Goldin superou esse desafio da falta de dados? Ela teve de bancar a detetive para vasculhar os arquivos e encontrar novas fontes de dados e maneiras criativas de usá-los para medir essas incógnitas”, explicou.
De acordo com a análise de Goldin, o papel da mulher no mercado de trabalho e o salário que ela recebe não dependem apenas de mudanças econômicas e sociais gerais. Eles também são determinados, em parte, por suas decisões específicas sobre, por exemplo, o grau de instrução que recebem.
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As meninas geralmente tomam decisões sobre seu futuro trabalho com base na situação de suas mães, e cada geração “aprende com os sucessos e fracassos da geração anterior”, disse Hjalmarsson.
O processo de avaliar as possibilidades à medida que os tempos mudam “ajuda a explicar por que a mudança nas lacunas de gênero no mercado de trabalho tem sido tão lenta”, disse.
Uma das descobertas de Goldin é que os filhos são um dos principais fatores que influenciam a desigualdade salarial entre homens e mulheres em países de rendimento elevado. Em artigo de 2010, Goldin e os co-autores Marianne Bertrand e Lawrence Katz demonstraram que as diferenças de salário iniciais são pequenas entre homens e mulheres, mas, assim que chega o primeiro filho, os rendimentos caem para as mulheres e não aumentam na mesma proporção que os dos homens, mesmo que tenham a mesma formação e profissão (como mostra o gráfico abaixo). A explicação para isso envolve, entre outros fatores, empregadores esperando que o trabalhador esteja sempre disponível e também a tendência de as mulheres assumirem maior responsabilidade no cuidado dos filhos, impactando seus rendimentos.
Goldin, 77 anos, ficou “surpresa e muito, muito feliz” ao saber que havia recebido o prêmio, disse Hans Ellegren, secretário geral da Academia Real Sueca de Ciências, que anunciou o prêmio em Estocolmo.
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Diferente dos outros prêmios Nobel, o de Economia não foi estabelecido no testamento de Alfred Nobel de 1895, mas pelo banco central sueco em sua memória. O primeiro vencedor foi escolhido em 1969.
No ano passado, o prêmio foi concedido ao ex-presidente do Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos), Ben S. Bernanke, e dois economistas dos Estados Unidos, Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig, por estudos sobre bancos e crises financeiras. O comitê avaliou que o trabalho dos três economistas estabeleceu as bases para lidar com essas crises, mostrando como é vital evitar colapsos de bancos.
Conheça todos os vencedores do Prêmio Nobel de Economia
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2015
O escocês Angus Deaton foi premiado por seus estudos que relacionam consumo, pobreza e bem-estar Foto: Divulgação
2014
O francês Jean Tirole, então com 61 anos, foi escolhido pela academia por seu estudo sobre o poder de mercado das empresas Foto: Fred Lancelot/Reuters
2013
Os norte-americanos Robert Shiller, de 67 anos, Lars Peter Hansen, de 61, e Eugene Fama, de 74, foram premiados pela análise empírica do preço dos ati... Foto: A. Mahmoud/Nobelprize.orgMais
2012
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2011
Os norte-americanos Thomas Sargent, de 68 anos, e Christopher Sims, de 69 anos, receberam o prêmio pela pesquisa empírica sobre causa e efeito na macr... Foto: U. Montan/Nobelprize.orgMais
2010
Peter A. Diamond, de 70 anos (EUA), Dale T. Mortensen, de 71 (EUA), e Christopher A. Pissarides, de 62 (Inglaterra/Chipre), receberam o Nobel por estu... Foto: U. Montan/Nobelprize.orgMais
2009
Os norte-americanos Elinor Ostrom, de 76 anos, e Oliver Williamson, de 77, ganharam pela análise da governança econômica Foto: U. Montan/Nobelprize.org
2008
O norte -americano Paul Krugman, então com 50 anos, foi premiado por sua teoria que integra comércio e geografia econômica Foto: Bobby Yip/Reuters
2007
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2006
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2005
O alemão Robert Aumann, entã com 75 anos, e o norte-americano Thomas Schelling, de 84, ganharam o Nobel por estudos sobre conflito e cooperação por me... Foto: D. Porges e T. Zadig/Nobelprize.orgMais
2004
O norueguês Finn Kydland, de 60 anos, e o norte-americano Edward Prescott, de 63, foram premiados por sua contribuições para a macroeconomia: a incons... Foto: Nobelprize.orgMais
2003
Robert Engle III, de 61 anos (EUA), e Clive Ganger, de 69 (Reino Unido), foram escolhidos pela academia pela criação de métodos estatísticos para anal... Foto: Nobelprize.orgMais
2002
Daniel Kahneman, de 68 anos, de Israel, e Vernon Smith, de 75 anos, dos EUA, venceram pela análise econômica integrada à psicologia, em especial o com... Foto: Nobelprize.orgMais
2001
Os norte-americanos George Akerlof, de 61 anos, A. Michael Spence, de 58, e Joseph Stiglitz, de 58, ganharam o Nobel por mostrarem que informações ass... Foto: Nobelprize.orgMais
2000
James Heckman, de 56 anos, e Daniel McFadden, de 63, ambos dos Estados Unidos, ganharam pelo método de análise dos problemas de informação incompleta ... Foto: Nobelprize.orgMais
1999
O canadense Robert Mundell, então com 67 anos, foi premiado por sua análise de política fiscal e monetária sob diferentes regimes de taxas de câmbio Foto: Bobby Yip/Reuters
1998
Amartya Sen, de 65 anos, da Índia, ganhou por suas pesquisas sobre os problemas fundamentais da economia do bem-estar Foto: Bruno Alencastro/Agência RBS
1997
Robert Merton, de 48 anos, dos EUA, e Myron Scholes, de 56, dos Canadá, foi premiado por criar um novo método de determinar o valor de derivativos Foto: Nobelprize.org
1996
O escocês James Mirrlees, de 59 anos, e o canadense William Vickrey, de 82 anos, ganharam pelo método de análise dos problemas de informação incomplet... Foto: Nobelprize.orgMais
1995
O norte-americano Robert Lucas Jr, então com 58 anos, foi premiado por desenvolver a hipótese de expectativas racionais e transformar a análise macroe... Foto: ReproduçãoMais
1994
John Harsanyi, de 74 anos, da Hungria, John Nash Jr., de 66, dos EUA, e Reinhard Selten, de 64, da Polônia, foram escolhidos pela academia pela criaçã... Foto: Nobelprize.orgMais
1993
Os norte-americanos Robert Fogel, de 66 anos, e Douglass North, de 73, ganharam por renovar a pesquisa em história econômica aplicando teoria econômic... Foto: Nobelprize.orgMais
1992
O norte americano Gary Becker, de 62 anos, foi premiado por ter expandindo o domínio da teoria microeconômica para uma ampla gama do comportamento e d... Foto: David McNew/ReutersMais
1991
Ronald Coase, então com 81 anos, do Reino Unido, recebeu o Nobel por esclarecer a significância dos custos de transação e direitos de propriedades par... Foto: University of ChicagoMais
1990
Os norte-americanos Harry Markowitz, de 63 anos, Merton Miller, de 67, e William Sharpe, de 56, receberam o prêmio pela contribuição pioneira para a t... Foto: Nobelprize.orgMais
1989
O norueguês Trygve Haavelmo, então com 78 anos, ganhou o Nobel por sua contribuição pioneira para a fundação da econometria Foto: Reprodução
1988
O francês Maurice Allais, de 77 anos, foi premiado por sua contribuição pioneira para a teoria dos mercados e a utilização eficiente dos recursos Foto: Foundation Maurice Allais
1987
Dos Estados Unidos, Robert Solow, de 63 anos, foi premiado por suas contribuições para a teoria do crescimento econômico Foto: Divulgação
1986
O norte-americano James Buchanan Jr., então com 67 anos, foi escolhido por sua contribuição para a teoria da tomada de decisão política e da economia ... Foto: Atlas Network/DivulgaçãoMais
1985
O italiano Franco Modigliani, na época com 67 anos, recebeu o Nobel por suas análises pioneiras sobre poupança e mercados financeiros Foto: Divulgação
1984
Do Reino Unido, Richard Stone, de 71 anos, ganhou o prêmio por ter feito contribuições para o desenvolvimento de sistemas de contas nacionais e, assim... Foto: ESRC/FlickerMais
1983
O francês Gerard Debreu, então com 62 anos, foi premiado por incorporar novos métodos analíticos à teoria econômica Foto: Reprodução
1982
O norte-americano George Stigler, de 71 anos, recebeu o prêmio por sua contribuição fundamental para o estudos dos processos dos mercados e para a aná... Foto: ReproduçãoMais
1981
O norte-americano James Tobin, na época com 63 anos, recebeu o Nobel por sua análise dos mercados financeiros e suas relações com decisões de gastos, ... Foto: ReproduçãoMais
1980
O norte-americano Lawrence Klein recebeu o Nobel aos 60 anos, por sua análise das políticas macroeconômicas por meio de um modelo econométrico; também... Foto: B. Thumma/APMais
1979
Theodore Schultz, de 77 anos, dos EUA, e Sir Arthur Lewis, de 64, de Santa Lúcia, foram premiados pelo desenvolvimento de dois modelos econômicos que ... Foto: Nobelprize.orgMais
1978
O norte-americano Herbert Simon, de 62 anos, foi premiado por sua pesquisa pioneira do processo de tomada de decisões dentro das organizações econômic... Foto: ReproduçãoMais
1977
Bertil Ohlin, de 78 anos, da Suécia, e James Meade, de 70, dos Reino Unido, ganharam o prêmio pela contribuição para a teoria do comércio internaciona... Foto: ReproduçãoMais
1976
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1970
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