A produção de aparelhos de ar condicionado no País bateu o recorde histórico no ano passado. Foram fabricados na Zona Franca de Manaus 5,88 milhões de aparelhos em 2024. O crescimento foi de 38% em relação ao ano anterior, segundo dados da Eletros, associação que reúne os fabricantes de produtos eletroeletrônicos.
“Esse crescimento nos assustou”, afirma o presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento. A expectativa da indústria era de avançar entre 5% e 10% a produção em número de unidades.
O forte calor e as condições econômicas favoráveis, especialmente no primeiro semestre do ano passado, turbinaram a produção e as vendas. “No primeiro semestre de 2024, os juros eram menores, a inflação estava controlada e o Desenrola (programa de renegociação de dívidas) impulsionou os negócios”, diz Nascimento. Ele acrescenta a geração de emprego e renda como outro fator favorável às compras.

No ano passado, não chegou a faltar produto, mesmo com a forte seca que atingiu a navegação fluvial de Manaus (AM) e dificultou o escoamento dos aparelhos até os mercados consumidores do Sul e Sudeste, lembra Nascimento.
Alta de custos
De toda forma, houve pressões de custos, a partir do final do ano passado, porque os aparelhos levam componentes importados. Com a disparada do câmbio, esses insumos inflacionam as cotações.
A Eletros não comenta a evolução de preços ao consumidor. Mas dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para apurar a inflação oficial do País, o IPCA, mostram que os aumentos foram muito pequenos. Os preços dos aparelhos subiram 0,54% no ano passado inteiro, ante uma inflação geral de 4,83%.
Novos fabricantes
O excelente desempenho do mercado, hoje formado por 17 fabricantes, tem atraído novas empresas para o setor, especialmente porque o potencial do mercado brasileiro é muito grande. Atualmente apenas 20% dos domicílios têm aparelho de ar condicionado. Entre os eletroeletrônicos relevantes, é o de menor presença nas residências.
Nascimento conta que nos últimos meses do ano passado foi procurado por quatro empresas buscando informações para começar a fabricar esses aparelhos na Zona Franca de Manaus.
“Algumas empresas eram nacionais e outras estrangeiras, algumas que já fabricam outros produtos e também há aquelas que querem se instalar no País”, conta o executivo. Ele reforça que existe um mercado gigante a ser ocupado. Hoje a ociosidade da indústria desse segmento é da ordem de 15%.
Depois da China, o Brasil é o principal polo de produção de aparelhos de ar condicionado do mundo, segundo a Eletros. O motivo são as condições favoráveis dadas às indústrias instaladas na Zona Franca de Manaus.
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Para este ano, a perspectiva é de uma taxa mais moderada de crescimento. Apesar do calor continuar intenso, o presidente da entidade ressalta que as condições econômicas são menos favoráveis, em razão da pressão do câmbio e o juros básicos da economia que beiram 15% ao ano e pressionam o crediário. É que a maior parte dos aparelhos são comprados a prazo.
O cenário mais pessimista traçado pela entidade é repetir neste ano os volumes produzidos em 2024. Já o cenário mais otimista indica um crescimento de 10%, o que representaria um aumento de 600 mil unidades na produção. “Não sabemos como estão as vendas hoje, mas tudo indica a mesma pegada do final do ano passado em razão do clima. A incerteza vem da economia.”