PUBLICIDADE

Publicidade

Produção industrial encolhe 8,3% em 2015, maior queda em 13 anos

Retração superou o recuo registrado durante a crise financeira de 2009; setor está quase 20% abaixo do nível recorde de 2013

Atualização:

RIO - A produção industrial encolheu 8,3% em 2015 em relação ao ano anterior, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do pior resultado de toda a série da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF), que traz dados anuais desde 2003. Com isso, a indústria encontra-se hoje 19,5% abaixo do nível recorde alcançado em junho de 2013. 

O tombo em 2015 teve perfil disseminado de taxas negativas, presentes nas quatro grandes categorias econômicas, em 25 dos 26 ramos, em 71 dos 79 grupos e 78,3% dos 805 produtos pesquisados. O resultado do ano passado, no entanto, veio em linha com a mediana das expectativas dos analistas de 27 instituições ouvidas pelo AE Projeções, que esperavam de queda de 8,40% a recuo de 8,00%.

Entre os setores, o principal impacto negativo em 2015 veio da indústria de veículos Foto: MARCOS DE PAULA | ESTADÃO CONTEÚDO

PUBLICIDADE

Apenas em dezembro, a produção cedeu 0,7% ante novembro, na série com ajuste sazonal - a sétima queda seguida nesse confronto. Já em relação a dezembro de 2014, a produção caiu 11,9% e a sequência de quedas é ainda maior: foi o vigésimo segundo resultado negativo consecutivo.

A confiança em baixa, tanto dos empresários quanto dos consumidores, a deterioração do mercado de trabalho e a inflação batendo recordes de alta contribuíram para o mau desempenho da indústria em 2015, afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. 

Segundo Macedo, além do perfil disseminado, o resultado de 2015 foi marcado pelo aumento de intensidade do recuo com a passagem dos meses. "Não por acaso fechamos com um resultado em magnitude (de queda) muito superior do que no início do ano", disse.

"O baixo nível de confiança do empresário, que adia e inibe investimentos, o baixo nível de confiança dos consumidores, que leva a um adiamento de consumo de bens, o mercado de trabalho funcionando de maneira mais restrita, com desemprego aumentando e renda diminuindo, combinado com crédito mais caro, mais escasso... Tudo isso forma um cenário que ajuda a entender esse resultado. Além, é claro, de um nível de preços mais elevado", explicou Macedo.

Câmbio. Um dos poucos fatores positivos ao longo de 2015, o câmbio contribuiu para a melhora de alguns setores, mas foi insuficiente para recuperar a indústria como um todo. Os mais beneficiados são segmentos já voltados para o mercado externo, como celulose.

Publicidade

Nos demais, a substituição de importações "não acontece do dia para a noite", disse o gerente. "Nesse momento, o câmbio favorece alguns poucos segmentos, e isso não é suficiente para reverter todo esse desempenho de queda visto ao longo do ano passado", afirmou Macedo.

No fim de 2015, os estoques melhoraram em alguns setores, mas isso não significa que haverá retomada no início de 2016, advertiu o gerente do IBGE. "A combinação de uma produção em queda já há algum tempo faz com que haja ajustamento dentro dos estoques das fábricas. Informações externas ao IBGE mostram que houve melhora nos estoques no fim do ano, especialmente em dezembro. Isso pode sinalizar alguma melhora, mas a retração no ambiente doméstico permanece", disse.

Setores. A indústria de bens de capital foi o principal destaque negativo de 2015. A produção de máquinas e equipamentos caiu 25,5% na comparação com 2014. Apenas em dezembro, a queda foi de 8,2% ante novembro e de 31,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Dentre os setores, chama a atenção o dado de veículos automotores, que apresentou retração de 25,9% - o principal responsável pela queda da indústria em 2015 (-8,3%). Já o recuo mais intenso foi visto no setor de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, cujo tombo chegou a 30% no ano passado e foi responsável pelo segundo maior impacto negativo. 

A única alta na produção foi registrada pelas indústrias extrativas, com avanço de 3,9% no ano passado em relação a 2014. Minério de ferro e o petróleo foram os produtos que ajudaram a explicar esse desempenho.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.