A indústria brasileira voltou ao negativo em novembro de 2022. A produção encolheu 0,1% em relação a outubro, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal, divulgados nesta quinta-feira, 5, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“A indústria tem patinado ao longo de 2022″, resumiu o economista Leonardo Costa, da gestora de investimentos ASA Investments, que estima queda de 0,6% para a produção industrial este ano.
Na passagem de outubro para novembro houve perdas em 11 dos 26 setores industriais pesquisados, com destaque para as quedas nas indústrias extrativas (-1,5%) e na fabricação de equipamentos de informática (-6,5%). Entre as 15 atividades em crescimento, os desempenhos mais relevantes foram de produtos alimentícios (3,2%), veículos automotores (4,4%), bebidas (10,3%) e derivados do petróleo e biocombustíveis (2,8%).
“A maior frequência de resultados negativos dos últimos meses é o que chama atenção e que traz um sinal de alerta para esse comportamento da indústria no segundo semestre de 2022″, afirmou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.
De janeiro a novembro de 2022, a produção industrial brasileira acumulava uma perda de 0,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Para encerrar o ano de 2022 ao menos estagnada (0,0%) ante 2021, escapando do território negativo, a produção ainda teria que crescer 7,8% em dezembro de 2022 ante dezembro de 2021. No mês de novembro de 2022 ante o mês de novembro de 2021, houve elevação de apenas 0,9% na produção, apesar da base de comparação depreciada.
Setores
Segundo André Macedo, entre os fatores que vêm prejudicando o desempenho da indústria brasileira estão os juros altos, a inadimplência mais elevada, o endividamento crescente, a inflação corroendo a renda das famílias, o contingente ainda importante de pessoas fora do mercado de trabalho e a geração de vagas precárias. Além dos problemas conjunturais, há também fatores estruturais prejudicando o setor, como a elevação de custos de produção.
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“O setor industrial é o que está demonstrando mais dificuldade em esboçar uma reação no período pós-pandemia. Caiu bastante e reluta em apresentar retomada, em parte por conta do nível da economia (doméstica), com juro mais elevado, e também por conta do resultado internacional desafiador”, corroborou o economista Matheus Pizzani, da corretora de investimentos CM Capital.
A indústria brasileira operava em novembro em patamar 18,5% abaixo do recorde alcançado em maio de 2011. O setor também funcionava 2,2% aquém no nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia de covid-19.
“A nossa análise é a de que o setor continue andando de lado, podendo inclusive registrar contração à frente, uma vez que a desaceleração global, a queda nos preços das commodities e taxa de juros doméstica elevada continuam sendo obstáculos para um crescimento mais robusto da indústria”, previu Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, em nota.
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