Produtores de leite pedem nova política de preços

Para a CNA, valor atual é insuficiente para cobrir os custos de produção

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Por Ligia Formenti e Brasília

O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, defendeu a criação de um seguro para produtores de leite, a exemplo do que existe em áreas agrícolas. ''''Fazemos parte do bolo, a pecuária deve integrar política de seguro'''', disse, durante entrevista para divulgar os resultados da pesquisa Ativos da Pecuária de Leite. Alvim avalia que o preço do produto é insuficiente para cobrir os custos de produção. Atualmente, o preço médio do litro é de R$ 0,66. ''''Uma remuneração adequada seria de R$ 0,80'''', disse. Para ele, os reflexos desse aumento nos índices de inflação não podem ser usados como justificativa. ''''O governo, então, que adote políticas públicas para manter os preços mais baixos. O que não é possível é fazer com que o produtor subsidie a alimentação dos consumidores. Para o produtor se manter na atividade, é preciso que políticas públicas sejam adotadas'''', disse. Apesar das queixas de Alvim, o relatório apresentado ontem mostra que 2007 foi um ano positivo para o setor. O consumo, a produção e a exportação de leite cresceram no Brasil, quando comparados com 2006. Em todo o ano passado, a produção de leite aumentou 9,88% em relação a 2006. Dados preliminares da CNA indicam que em 2007 foram produzidos 26 bilhões de litros. Em 2006, foram 25,3 bilhões de litros. Há, além disso, outros 15% a 20% que ficaram na informalidade. NOVOS MERCADOS O volume de exportações foi de US$ 199,5 milhões em 2007, ante US$ 168,6 milhões de 2006. O aumento é atribuído principalmente a novos importadores, como a Venezuela. ''''Houve uma transformação do setor lácteo mundial, com variações importantes do preço internacional'''', disse Alvim. Segundo ele, com o aumento de preços (a tonelada do leite em pó chegou a custar US$ 5,7 mil), países mudaram de estratégia. ''''Práticas desleais de comércio foram deixadas de lado e também os subsídios da União Européia.'''' No entanto, Alvim afirma que, apesar do bom desempenho, o setor sofreu grande impacto com aumento de custos de produção. Como exemplo, ele citou a recuperação de preços da soja e milho, principais elementos que compõem a alimentação do gado. Segundo ele, a ração representa 64% dos custos de produção. O setor teria sofrido, também, com o aumento do preço do sal mineral. Para ele, os preços deveriam ser alterados sobretudo no período de entressafra, que começa no fim de abril. ''''Não há mais uma grande queda na produção nesse período, como ocorria no passado'''', observou. Até a década de 80, diz, durante a entressafra, a produtividade caía em até 50%. Hoje, tais percentuais não ultrapassam 15%. ''''Mas, para atingir esse resultado, os custos aumentam, seja com ração, seja com outras técnicas'''', completou.

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