A possibilidade de fazer compras via internet e receber parte do dinheiro de volta, o chamado cashback, é uma das ferramentas utilizadas no mercado para atrair e fidelizar clientes. Mas, e se uma porcentagem retornada de uma venda fosse revertida em mudas para reflorestamento na Amazônia? Unir a praticidade do comércio virtual e as ações de sustentabilidade é o que move o projeto Treeback, desenvolvido há pouco mais de um ano com foco em cuidar das áreas atingidas pelo desmatamento em Roraima.
O idealizador da startup, Amaury Cerqueira, de 53 anos, nutria há tempos uma preocupação com as medidas de preservação ambiental de um modo geral, e usou seus conhecimentos em tecnologia para organizar o site da empresa e colocá-lo no ar. A iniciativa foi contemplada, em 2021, pelo edital de aceleração Inova Amazônia, lançado pelo Sebrae para negócios focados em bioeconomia. “Eu vi a grande chance de conseguir tirar o projeto do papel, ficar um período sendo acelerado e tentar fazer o negócio acontecer”, diz.
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Já em operação, o site oferece um mecanismo simples de acesso. Para intervir no reflorestamento ambiental através da Treeback, o cliente precisa acessar o site da empresa e realizar as compras no e-commerce escolhido entre os listados na página. A startup utiliza o mecanismo de conversão das comissões de marketing por indicação de compra em árvores plantadas. Um total de R$ 50 gastos em uma dessas lojas gera uma unidade de muda para a equipe.
Amaury conta que é possível também ao usuário rastrear e acompanhar o crescimento das árvores nas áreas de plantação. Os locais são mapeados de modo a saber quantas unidades plantadas são necessárias para a recuperação da área. As atividades de plantio, além de contar com o trabalho de técnicos ligados ao projeto, buscam também envolver a comunidade local para a necessidade de preservar a área recém-arborizada.
“Há grandes empresas de reflorestamento, mas que estão em São Paulo ou nos Estados Unidos. (Já nós) somos uma empresa que faz o trabalho local e somos daqui. A gente busca isso, essa questão da identidade. A gente sabe melhor quais as necessidades do local em que a gente está”, explica o fundador da startup.
Os dados mais recentes da empresa, diz ele, dão conta de que 20 mil árvores já foram plantadas no total. As mudas estão presentes em zonas ribeirinhas e territórios indígenas. Segundo o empreendedor, há uma preocupação de que, além do reflorestamento, as plantas instaladas nos locais possam gerar sustento para os moradores. “A gente trabalha com mudas frutíferas para que essas comunidades consigam, no futuro, ter uma renda a partir delas”.
Expansão
De olho no crescente interesse internacional pelo resgate de áreas desmatadas na Amazônia, Amaury quer levar o modelo de negócios para o mercado internacional, e as parcerias devem começar pelos países europeus. Está também nos planos a atuação no mercado de crédito de carbono e a utilização de tecnologias que permitam o investimento de clientes em reflorestamento a partir de máquinas em espaços de uso público, como estações de transportes e supermercados. “Nosso principal objetivo é conseguir chegar cada vez mais nas pessoas, tocá-las com relação à questão climática”.
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