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ADOBE STOCK. Foto: Golubovy/Adobe Stock
Foto: Golubovy/Adobe Stock

Propósito, sustentabilidade e bem-estar no trabalho: o que move a Geração Z no Brasil

Pesquisa realizada pela Deloitte mostra que jovens brasileiros se sentem estressados durante boa parte do tempo

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Foto do author Luiz Guilherme  Gerbelli
Atualização:

Os brasileiros da Geração Z buscam propósito no trabalho, cobram ações das empresas em favor de medidas de proteção ao meio ambiente e se sentem estressados durante boa parte do tempo. O panorama sobre os jovens e as suas preocupações foi traçado por meio de uma pesquisa da consultoria Deloitte e antecipada ao Estadão.

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Batizada de “Gen Z and Millennial Survey 2024″, o estudo ouviu 14.468 pessoas da Geração Z e 8.373 millennials em todo o mundo. Esses jovens nasceram entre 1997 e 2010 e 1981 e 1996, respectivamente.

Segundo o levantamento, a principal preocupação da Geração Z brasileira é a questão climática, seguida por custo de vida e discriminação de gênero, raça e orientação sexual. Globalmente, os resultados são um pouco diferentes: custo de vida, desemprego e clima - apenas em terceiro lugar - são os temas de maior atenção dos jovens.

Não é de se espantar, portanto, que a Geração Z brasileira exerça cobrança maior sobre as empresas em temas envolvendo meio ambiente. Conforme o levantamento, 60% dos entrevistados dizem pressionar as companhias para que elas adotem medidas para combater os efeitos da mudança climática. É mais do que o observado entre os seus pares globais (54%).

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“A preocupação climática aparece tanto no (resultado) global como no do Brasil. O que chama a atenção é aparecer em primeiro lugar no Brasil. Talvez, isso ocorra por causa do potencial que o País tem de ser uma nação de alta relevância nessa questão. É uma geração que olha isso de forma bastante detalhada”, afirma Marcos Olliver, líder de People & Purpose da Deloitte.

No Brasil, 74% dos brasileiros da geração Z se sentiram preocupados ou ansiosos com as mudanças climáticas. Também é um número acima do que foi apurado globalmente (62%).

Propósito em alta

O propósito no trabalho também tem um peso maior no País. De acordo com o estudo, 91% da Geração Z brasileira diz que ter um propósito é muito importante para a satisfação no trabalho, mais do que os GenZs globais (86%). “É uma geração que precisa de significado no dia a dia”, diz Olliver.

Propósito tem peso relevante na escolha do trabalho no Brasil Foto: ADRIANA TOFFETTI/A7 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Entre os millennials do Brasil, o propósito é importante para 92% dos entrevistados, acima do registrado globalmente (89%) pelo levantamento.

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Mais ansiosos

O estudo da Deloitte também apontou que 48% dos jovens da Geração Z se sentem ansiosos ou estressados o tempo todo ou durante a maior parte do tempo - em 2023, eram 50%. O resultado apurado no País supera a média global. “É uma geração que permanece num nível elevado de estresse ao longo dos últimos dois anos”, afirma Olliver.

No Brasil, 40% dos millennials e 39% da Geração Z afirmaram que o trabalho contribui muito para a sensação de estresse e ansiedade, sobretudo pelas longas horas de trabalho, percepção de que as decisões são adotadas de forma injusta e pela falta de reconhecimento.

Não por acaso, a saúde mental se tornou um tema relevante no ambiente corporativo. Para 61% dos entrevistados da Geração Z brasileira, as companhias levam a saúde mental dos empregados a sério. Entre os millennials, essa percepção é apontada por 66% dos entrevistados.

Danielle Menta, de 26 anos, diz que um diferencial da sua geração é não ter medo de discutir sobre a questão da saúde mental Foto: Isabella Finhold/Estadão

A assistente de Recursos Humanos, Danielle Menta, de 26 anos, reforça essa preocupação com a saúde mental é um diferencial da Geração Z, que não teme falar sobre esse assunto, ao contrário de gerações anteriores. “Essa parte de questionamento é realmente um diferencial muito grande, de falar sobre, de tocar nesses assuntos. As situações, os sentimentos e os anseios sempre existiram, mas havia aquela questão do status quo, de vamos manter tudo pacificamente. Mas não acho que é por aí. O diálogo não significa conflito.”

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Busca por trabalho

Na escolha das companhias para trabalhar, a Geração Z leva em conta oportunidades de aprendizado e desenvolvimento (24%), equilíbrio entre vida pessoal e trabalho (23%) e salário elevado e benefícios (21%).

O levantamento da Deloitte também mediu o que faz os jovens deixaram o emprego. Os brasileiros da GenZ apontaram como principais fatores a sensação de esgotamento (20%), salário insuficiente (19%) e falta de oportunidades na carreira (18%). Globalmente, esses resultados foram de 16%, 16%, e 29%, respectivamente.

“Os millennials estão mais focados em desenvolvimento e aprendizado. E a Geração Z prioriza a flexibilidade”, diz Olliver. Na avaliação de especialistas que estudam os movimentos desses jovens, a maioria das empresas está perdida e não sabe bem como lidar com esses novos trabalhadores. Isso porque os estímulos tradicionais não funcionam e os gestores e líderes, mais velhos, não têm habilidade - e paciência - para tratar com os jovens.

A nova geração não tem apreço à posse e quer vivenciar experiências, o que se transforma num grande desafio para as empresas diminuírem a rotatividade. São pessoas mais ligadas ao propósito, não têm muita tolerância e se desestimulam rapidamente.

A pesquisa da Deloitte foi realizada entre novembro de 2023 e março de 2024. No Brasil, foram ouvidas 800 pessoas, sendo 500 da Geração Z e 300 millennials. Dos entrevistados brasileiros, 29% têm formação universitária e 35% ainda estão buscando o diploma do Ensino Superior. A amostra também contou com 50% de homens e 50% de mulheres, e 40% disseram ser pais. /COLABOROU WESLEY GONSALVES

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