Queda do risco Brasil será lenta, dizem analistas

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Por Agencia Estado
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O mercado financeiro não trabalha com a hipótese de uma rápida redução do risco Brasil, atualmente em torno de 1.200 pontos-base, pelo índice Embi. Depois de eliminada a gordura associada a um cenário hipotético de ?default? (moratória), que elevou o risco para perto de 2.400 pontos-base, as apostas agora são de uma redução mais lenta, no ritmo das reformas constitucionais e da recuperação da liquidez internacional. A explicação dos analistas é que o principal fato objetivo para uma redução mais forte do risco é a aprovação de reformas como a previdenciária e a tributária. Como cresceu nos últimos dias a expectativa de que essas reformas serão mais lentas do que o novo governo vem afirmando, cresceu também a expectativa de que o risco continuará elevado ainda por um bom tempo. "Os investidores estão começando a perceber que há uma discrepância entre o que se anunciou e o que pode ser feito", avalia o economista-chefe do JP Morgan, Luís Fernando Lopes. "Uma reforma previdenciária ampla como a que estão querendo fazer muito dificilmente sai antes do final de ano. Eu ficaria bastante surpreso de ver a taxa de risco abaixo dos mil pontos neste primeiro semestre." Outra dificuldade para uma redução mais significativa do risco Brasil está no cenário externo, em que a aversão ao risco continua elevada e pode piorar, com a deflagração de uma guerra entre Estados Unidos e Iraque. Há empresas americanas de boa classificação de risco que ainda pagam de 500 a 700 pontos acima do rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano em suas emissões, um mercado considerado rentável e ao mesmo tempo mais seguro para os investidores se comparados aos "bonds" da América Latina. "Uma mudança dessa realidade no mercado de ´high yield´ (alto rendimento) não acontece de uma hora para outra e o interesse pelos títulos dos emergentes acaba encontrando uma forte restrição", comenta o diretor de Tesouraria de um grande banco estrangeiro. Para ele, o C-Bond deve registrar uma recuperação bastante gradual nestes primeiros meses, na esteira da confirmação no dia a dia de uma política fiscal e monetária em linha com o que havia prometido o presidente na fase da campanha eleitoral. A expectativa da manutenção de um risco elevado por algum tempo e a inibição que isso traz sobre as emissões soberanas não são, no entanto, motivo de grande preocupação. O déficit em conta corrente deve continuar caindo, as linhas externas e os investimentos diretos estão voltando e o País tem a sua disposição um montante nada desprezível de dólares, graças ao acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). "Além disso, é muito melhor que se façam as reformas em ritmo lento e bem feitas do que fazê-las de uma maneira atabalhoada e incompleta", diz o economista-chefe de outro banco estrangeiro.

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