Quem é Tallis Gomes, o empresário que disse ‘Deus me livre de mulher CEO’

Executivo se retratou após repercussão de sua fala, nas redes sociais; ele disse que nunca foi intenção desmerecer ou questionar a capacidade ou o papel das mulheres

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Por Redação
Atualização:

Tallis Gomes, o empreendedor que disse que mulheres que são CEO de empresas não fazem “melhor uso da energia feminina” e se retratou após a repercussão da sua fala começou a ganhar projeção no mundo dos negócios em 2011. Na época, com 25 anos, quando o transporte por aplicativo era uma novidade no País, ele criou a Easy Taxi. Em 2016, criou a plataforma Singu, definida como o “Uber da beleza”, ao oferecer serviços de cabeleireiro, depilação e manicure em domicílio.

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A Easy Taxi se fundiu com o aplicativo de transporte espanhol Cabify, que depois fechou as portas no Brasil. A Singu recebeu investimento da Natura. Gomes chegou a figurar na lista Forbes Under 30. Por meio do G4 Educação, ele divulgou nota em que reconhece que suas falas geraram “desconforto e ofendeu diversas pessoas, especialmente mulheres”. “Reconheço que minhas palavras foram mal colocadas e que os termos utilizados não refletiram meus valores pessoais nem os da minha empresa, o G4 Educação.”

Gomes se autointitula um “especialista em gestão”. Ao lado de outros nomes da área, ele fundou o G4 em 2019, uma escola de negócios que diz oferecer mentoria sobre vendas, gestão, marketing e inteligência artificial para empreendedores, fundadores, gestores.

Tallis Gomes, fundador do G4 Educação Foto: Taba Benedicto/Estadão

Em entrevista ao Estadão, na época do surgimento da Singu, ele disse que poderia ter parado de trabalhar com o dinheiro recebido na Easy Taxi, mas lamentou por não ter sido “o primeiro unicórnio brasileiro”.

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“Eu podia ter ido morar na Tailândia, né? (risos). Gosto muito de trabalhar. Fiquei mordido de não ser o primeiro unicórnio brasileiro. É um sonho que eu tenho. Além disso, acredito que o melhor programa social se chama emprego. Comigo, uma manicure consegue ganhar R$ 4 mil por mês. Tenho 29 anos, me sentiria um lixo se ‘parasse’ agora”, disse ao Estadão, em 2016.

A primeira startup brasileira a se tornar unicórnio (startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão) foi a 99, em 2018, ao ser adquirida pelo equivalente a US$ 1 bilhão pelo grupo chinês Didi Chuxing. Na época, o pagamento total foi de US$ 600 milhões – a empresa asiática já tinha participações na 99 antes de efetuar a compra.

Tallis Gomes é de Carangola, cidade do interior de Minas Gerais.

Não é a primeira vez que suas falas ganham repercussão. Neste ano, em um podcast, ele já afirmou que não contrata “esquerdista” e que seus funcionários trabalham “80 horas por semana”.

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Outro lado

Em nota divulgada pelo G4 Educação, Tallis Gomes afirmou que a intenção “nunca foi desmerecer ou questionar a capacidade ou o papel das mulheres, seja no mercado de trabalho ou em qualquer outra esfera da sociedade. Ao longo da minha trajetória, tive o privilégio de trabalhar com mulheres incríveis, cuja competência e liderança foram fundamentais para o sucesso de nossas iniciativas. Em especial, destaco a minha sócia e CFO do G4 Educação, que tem um papel essencial no crescimento e desenvolvimento da nossa empresa”.

O G4, por sua vez, disse que Tallis Gomes errou num texto publicado no Instagram sobre as mulheres executivas. “Ele entendeu o erro e pediu desculpas hoje. O G4 Educação não concorda com aquela primeira fala. Ela não representa a empresa nem sua trajetória.”

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