A rede de supermercados St Marche, voltada ao público de alta renda, pediu nesta semana à Justiça a suspensão das cobranças de dívidas que somam R$ 639 milhões, por 60 dias. O maior credor da empresa, com R$ 276 milhões a receber, é um fundo do BTG, o Alternative Assets I. O banco tem ainda mais R$ 9,6 milhões em crédito com a rede.
A lista de credores obtida pelo Estadão/Broadcast inclui outros bancos, pequenos e grandes, mas com volumes bem menores. O Banco do Brasil tem R$ 29 milhões em créditos com o grupo; o Santander tem R$ 24 milhões, e a Caixa Econômica Federal, R$ 10 milhões.
Na lista de credores, há ainda dois Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRAs), que somam R$ 225 milhões e foram feitos pela Ecoagro. Para se financiar por essa estrutura, a rede de supermercados emitiu debêntures, que foram passadas para a Ecoagro, que por sua vez realizou a securitização dos ativos agrícolas.

A STM (holding não operacional do grupo) informa no processo que tem tido dificuldade de negociar com o fundo gerido pelo BTG. O objetivo era evitar a declaração do vencimento antecipado das debêntures em razão do não cumprimento de índices de endividamento financeiro (os chamados covenants).
A STM emitiu debêntures, que foram repassadas ao fundo gerido pelo BTG como garantia. O próximo vencimento relevante é apenas em 23 de junho de 2026. Se o fundo declarar o vencimento antecipado dos papéis, os efeitos para o St Marche serão “nefastos”, ressaltam os advogados do grupo no pedido ao juiz.
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No processo de reestruturação da dívida, o grupo contratou o escritório Thomaz Bastos, Waisberg, Kurzweil Advogados e a FTI como assessor financeiro.
Em nota, o St Marche informa que está “avaliando alternativas para melhorar sua saúde financeira e seguir crescendo de forma sustentável”, suas lojas continuam operando e a medida judicial não afeta suas obrigações com fornecedores, clientes e colaboradores. No processo, a rede informa ter R$ 42 milhões em aberto com fornecedores.