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Quem são os Chicago Boys

Apelido surgiu quando chilenos cujos estudos foram bancados por governo americano voltaram dos EUA

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Foto do author Luciana Dyniewicz

Os Chicago Boys surgiram com essa alcunha apenas após os primeiros estudantes chilenos retornarem dos Estados Unidos. Em 1955, durante a Guerra Fria, a PUC do Chile fechou uma parceria com o governo americano para que seus alunos pudessem estudar em Chicago com bolsas. O convênio durou até 1964 e teria formado cerca de 30 profissionais chilenos, segundo depoimento do professor americano Arnold Harberger registrado no filme Chicago Boys (2015).

Quando os primeiros estudantes chilenos voltaram a seu país de origem e assumiram o papel de professores, passaram a ser chamados de Chicago Boys pelos alunos. O apelido, no entanto, muitas vezes é usado para se referir apenas aos profissionais formados na instituição americana que fizeram parte da equipe econômica da ditadura de Augusto Pinochet.

Economistas chilenos em biblioteca de Chicago; foto é cena do filme 'Chicago Boys', de Carola Fuentes e Rafael Valdeavellano Foto: Divulgação/Festival É Tudo Verdade

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Ao menos onze economistas chilenos que foram bolsistas do governo americano participaram do governo Pinochet. Rolf Lüders é um deles. Foi ministro da Economia em 1982 e da Fazendo em 1982 e 1983. Segundo ele, à época, as reformas liberais necessitavam de um governo autoritário para implementá-las.

“Entre os anos 1950 e 1970, os países em desenvolvimento tinham economias centralizadas, com resultados ruins. Apesar dos seus resultados medíocres, essas políticas tinham apoio da população. Foi necessária uma grande crise e um governo autoritário para quebrar o paradigma existente.”

Hoje, porém, Lüders já não vê a necessidade de um presidente autoritário para adotar um projeto semelhante ao chileno. “A profissão de economista mudou suas recomendações de política econômica, que antes favoreciam a planificação e o protecionismo e agora favorecem o funcionamento de mercados livres.”

O projeto chileno foi escrito por colegas de Lüders, antes mesmo do golpe instalar a ditadura. Reunidos, ex-alunos de Chicago elaboraram um plano econômico que seguia as diretrizes aprendidas na universidade americana e o batizaram de “El ladrillo”, o tijolo, em português, dado o tamanho dos manuscritos.

O projeto é até hoje motivo de debate, pois indicaria que os economistas sabiam que havia um golpe em curso e teriam colaborado com ele. No filme Chicago Boys, no entanto, eles negam qualquer participação e destacam que “El ladrillo” foi escrito para quem quisesse adotá-lo, sendo uma colaboração para tentar tirar o Chile da crise econômica que havia se instalado no governo de Salvador Allende

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Por outro lado, alguns Chicago Boys não fizeram parte do governo ditatorial de Pinochet, mas tiveram papel de destaque na economia chilena posteriormente. É o caso de Ricardo Ffrench-Davis, que foi economista-chefe do Banco Central do Chile entre 1964 e 1970 e entre 1990 e 1992. Para quem, o sucesso econômico do Chile nada tem a ver com a cartilha de Chicago.

“O salto (na economia) se deu na democracia, principalmente nos anos 90. Na ditadura, houve grandes quedas e grandes recuperações, com um crescimento médio anual do PIB. No Chile, com a ditadura, a média de investimento foi de 17% do PIB. Na democracia, a taxa de investimento cresceu para 25%, nos anos 90.”

As posições divergentes mostram que, apesar de a maioria dos Chicago Boys ter sido liberal, os economistas chilenos não eram um grupo completamente coeso - ao contrário dos Chicago Oldies, como Paulo Guedes apelidou parte de sua equipe econômica que também passou pela universidade americana difusora do pensamento neoliberal.

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