O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado, 29, que tentará negociar ao máximo com os Estados Unidos antes de adotar a reciprocidade tarifária ou recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) como resposta a aumentos da taxação norte-americana a produtos brasileiros. A declaração foi dada à imprensa em Hanói, após viagem oficial ao Vietnã.
“Antes de fazer a briga da reciprocidade ou de fazer a briga na OMC, a gente quer gastar todas as palavras que estão no nosso dicionário para fazer um livre-comércio com os Estados Unidos. Os Estados Unidos sempre foram historicamente um país importante para o Brasil. Nós temos um fluxo de comércio de U$ 87 bilhões. Eles são superavitários em US$ 7 bilhões. Então, eles também têm que pensar na responsabilidade deles”, disse.

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Lula disse que não terá problema em fazer uma ligação ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no momento em que sentir necessidade de uma conversa direta, independentemente de diferenças políticas.
“Na hora que ele achar que tem interesse de conversar comigo, eu espero que ele não tenha nenhum problema de ligar para mim. Não é porque nós temos divergência ideológica que dois presidentes não podem conversar, até porque no exercício da presidência como chefe de Estado a gente não coloca as nossas questões ideológicas na mesa, a gente coloca os interesses do Estado, do Estado brasileiro e do Estado americano”, comentou.
O presidente voltou a dizer que Trump age como se fosse um “xerife do mundo” e disse que os Estados Unidos precisam saber que não estão sozinhos no planeta Terra. “É só olhar o mapa do mundo que a gente vai perceber que os Estados Unidos estão ligados a muitos outros países. E se ele toma uma atitude unilateral, eu acho que isso pode não ser tão bom para os Estados Unidos. Vamos ver o que vai acontecer”, disse.
Em relação à defesa de Trump sobre a paz entre Rússia e Ucrânia, Lula disse concordar com o presidente norte-americano. “Veja como eu sou um rapaz de bom senso, eu poderia ser radical contra o Trump, mas na medida que o Trump toma a decisão de discutir a paz entre Rússia e Ucrânia, que o (ex-presidente Joe) Biden deveria ter tomado, eu sou obrigado a dizer que nesse aspecto o Trump está no caminho certo”, afirmou.
Viagem oficial
Durante a fala à imprensa, Lula reforçou que, além do mercado de carnes, foi discutida durante sua viagem oficial ao Vietnã a necessidade de a Embraer vender cerca de 50 aviões ao país. Segundo ele, o Vietnã pode ser um ponto de partida para que os aviões da empresa possam ter acesso ao mercado da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
“Nós discutimos outros assuntos além da carne, porque nós estamos discutindo com eles a necessidade de fazer com que a Embraer possa vender alguns aviões daqui, e alguns não. Uma perspectiva de 50 aviões e tentar fazer aqui no Vietnã alguma coisa que possa fazer o Vietnã participar da montagem desses Embraer. Porque o Vietnã pode ser uma ponta de partida para que os aviões da Embraer de 150 passageiros possam ter acesso ao mercado da Asean, que é um mercado extremamente importante do ponto de vista político e do ponto de vista econômico”.