A Holanda é o melhor país do mundo para se aposentar, segundo o Índice Global de Sistemas Previdenciários 2024, divulgado na semana passada pela consultoria Mercer. O levantamento, realizado em parceria com o CFA Institute e publicado desde 2009, classifica 48 sistemas previdenciários ao redor do mundo, que representam 65% da população mundial. As pontuações do índice variam de 44 para a Índia, em último lugar no ranking, a 84,8 para a Holanda, que lidera.
O índice é composto por três subíndices: adequação, sustentabilidade e integridade. Por meio deles, são analisados os sistemas de renda de aposentadoria em relação a mais de 50 indicadores. Em adequação, são analisados os benefícios, o design do sistema, apoio governamental, entre outros; a sustentabilidade engloba cobertura de pensão, total de ativos, demografia etc; e a integridade diz respeito a requisitos como regulamentação, governança e proteção.
O índice geral traz uma média ponderada dos três subíndices: 40% para o subíndice de adequação, 35% para o de sustentabilidade e 25% para o de integridade. Cada país recebe uma nota, de acordo com a pontuação obtida no índice geral: a escala vai de A, que engloba sistemas de renda de aposentadoria robustos, com bons benefícios, sustentáveis e com alto nível de integridade, a E, nota concedida a sistemas considerados pobres, que podem estar em estágios iniciais de desenvolvimento ou que ainda são inexistentes.
Neste ano, além da Holanda, outros três sistemas previdenciários conseguiram nota A, concedida a países que conseguem obter mais de 80 pontos no índice: Islândia, Dinamarca e Israel.
Desafios do envelhecimento populacional
O relatório destaca que grande parte dos países passa pelos desafios sociais e econômicos trazidos pelo envelhecimento populacional, com taxas de fertilidade caindo e expectativas de vida continuando a aumentar. A ONU observa que uma em cada quatro pessoas agora vive em um país cuja população já atingiu o pico, e que até 2080 a população global com 65 anos ou mais deverá exceder o número de menores de 18 anos, destaca o estudo.
“Os aposentados também estão enfrentando riscos crescentes com o ressurgimento da inflação e taxas de juros mais altas, que aumentam o custo da dívida governamental existente e, portanto, a capacidade de alguns governos de continuar com seu nível atual de serviços”, diz o texto, acrescentando que o trabalho para garantir a segurança financeira na aposentadoria, portanto, se torna crítico para a qualidade de vida, tanto dos indivíduos aposentados como da sociedade como um todo.
O levantamento indica que governos e formuladores de políticas devem trabalhar juntos “para garantir que as populações mais velhas sejam tratadas com dignidade e sejam capazes de manter um estilo de vida semelhante ao que vivenciaram em seus anos de trabalho”. “Estas são questões complexas que cada país precisará abordar à sua maneira, ao mesmo tempo reconhecendo que é vital ampliar a discussão e ajudar sua população a apreciar a necessidade de reforma. O planejamento para o longo prazo é agora mais crítico do que nunca”, diz o relatório.
Mas a comparação dos sistemas de aposentadoria, apesar de valiosa para formuladores de políticas, não é direta e também é controversa, diz o estudo, já que os regimes são diversos e evoluem de circunstâncias econômicas, sociais, culturais, políticas e históricas particulares. Ou seja, não há um único sistema que possa ser transplantado de um país para outro sem mudanças - mas há certos recursos e características que são desejáveis em um sistema de aposentadoria, pois provavelmente levarão a melhores resultados.
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E o Brasil?
O Brasil ficou na 33ª posição no ranking, obtendo nota C, concedida a sistemas previdenciários que têm algumas boas características, mas também grandes riscos ou deficiências que devem ser melhoradas, ou então sua sustentabilidade pode ser questionada.
Analisando o ranking de cada subíndice isolado, o País foi pior na comparação com outras nações no quesito sustentabilidade, em que ficou na 44ª posição. Em integridade, o Brasil aparece em 39º; em adequação, em 20º.
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