A escassez de mão de obra qualificada está sendo puxada pelo bom momento do setor de serviços e da construção civil, aponta o estudo da Confederação Nacional de Bens Serviços e Turismo (CNC). Das 231 profissões que empregam formalmente 80% dos trabalhadores do País, 92 enfrentavam falta de mão de obra. Entre as 20 profissões onde esse problema é mais crítico, 16 são do setor de serviços, três estão ligadas à construção civil e uma à indústria pesada.
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Quem lidera o ranking das profissões como maior escassez de mão de obra especializada é a profissão de helpdesk, o técnico que apoia o usuário dos serviços de informática.
O salário de admissão desse profissional aumentou 16,6% entre junho de 2023 e 2024, ante a média de 5,8% do mercado de trabalho no mesmo período. E o estoque de trabalhadores na atividade cresceu 8,2%, aponta o estudo.
“Está precisando tanto de helpdesk que mesmo ampliando a quantidade de profissionais em 8,2% as empresas aceitaram pagar um salário de admissão 16,6% maior, o triplo do reajuste médio do mercado de trabalho”, afirma o economista da CNC, Fabio Bentes, responsável pelo estudo da escassez de mão de obra qualificada.
Na vice-liderança do ranking das profissões mais críticas em termos de escassez está o agente de vendas de serviços, seguido pelo caldeireiro de chapas de ferro e aço (ligado à indústria pesada), o montador de estruturas metálicas (ligado à construção civil), o auxiliar de farmácia de manipulação, o auxiliar de garçom e o auxiliar de serviços jurídicos.
Faltam auxiliares
Uma das conclusões que se tira da lista das 20 profissões mais críticas em termos de oferta de mão de obra é que ela está concentrada nos auxiliares de cada setor. “Não há falta de médicos, advogados, contadores, mas de auxiliares, como auxiliar jurídico, auxiliar de contabilidade. Não está faltando gerente de logística, mas auxiliar de logística”, ressalta Bentes.
Isso revela que faltam no mercado de trabalho profissionais com formação técnica e curso técnicos poderiam diminuir o problema da escassez de trabalhadores qualificados, observa o economista.
“Não se transforma um caixa de supermercado em helpdesk da noite para o dia”, diz Bentes, mencionando a profissão mais crítica do ranking. A nova economia, observa ele, passou a exigir um grau de qualificação mais alto dos trabalhadores, de forma muito rápida. A saída para esse problema é o governo e as empresas investirem em educação, recomenda.
Um dos diferenciais do Mutirão Nacional do Emprego deste ano, promovido pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) e o Sindicato dos Comerciários de São Paulo, foi exatamente oferecer cursos de qualificação. “Neste ano focamos na capacitação, qualificação e inclusão, com muitas vagas oferecidas pelo sistema S (Senai, Senac e outras instituições”, afirma Ricardo Patah, presidente da UGT e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo.
Um problema recorrente em todos os eventos, tem sido a falta de qualificação profissional. Segundo o sindicalista, esse obstáculo só será superado com cursos voltados para tecnologia, especialmente inteligência artificial.
A seguir, o ranking das 20 profissões mais críticas em escassez de mão de obra.
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