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Opinião|Qual será o futuro político de Haddad?

O ministro da Fazenda deve, na melhor das hipóteses, seguir onde está

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Fernando Haddad revelou, em entrevista à CNN Brasil, que, quando o presidente Lula da Silva tomou posse, fizeram um bolão no PT de quanto tempo ele ficaria no Ministério da Fazenda. As perspectivas não eram animadoras na época.

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Pois lá se vão 15 meses e ele segue no cargo mais bem avaliado do que se imaginava. Com PIB crescendo, inflação controlada e juros em queda, a economia dá boas notícias.

É uma das poucas áreas tranquilas num governo reprovado em segurança pública, que coleciona problemas na saúde e na política externa e engatinha na educação.

Nesse cenário, o ministro da Fazenda estaria bem cotado para qualquer cargo eletivo em 2026. Haddad, no entanto, deve, na melhor das hipóteses, seguir onde está.

Fernando Haddad tem sido bem avaliado no comando da economia Foto: Diogo Zacarias / Ministério da Fazenda

O passo natural seria tentar a Presidência da República, com o apoio do empresariado e as bênçãos do chefe, mas o caminho está interditado pelo próprio Lula.

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Ao contrário do que prometeu na campanha, Lula já é candidato à reeleição e cabe a Haddad esperar até 2030, enquanto aguenta o fogo amigo dentro do próprio partido.

Mas esperar onde? Não é simples. Haddad poderia tentar o governo de São Paulo, mas a estrada até o Bandeirantes também está congestionada.

O governador Tarcísio de Freitas deve ter uma reeleição tranquila se não for pressionado demais a tentar a Presidência no lugar de Jair Bolsonaro. Pela esquerda, Geraldo Alckmin já se posiciona para voltar ao governo paulista e certamente espera contar com Lula.

Haddad, então, teria que seguir na Fazenda até como fiador da reeleição de Lula, porque, se em 2022 a perspectiva de ele assumir a pasta provocava incerteza, hoje daria tranquilidade.

Questionado sobre o assunto, o ministro elogia sua equipe e parece disposto a aceitar a missão por mais algum tempo se tiver liberdade para trabalhar.

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“Tenho muita dificuldade de fazer alguma coisa que não tenha paixão”, afirmou. Traduzindo: ele quer o apoio de Lula frente às pressões feitas por Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e por Rui Costa, ministro da Casa Civil.

Até porque Haddad sabe que não chega à Presidência em 2030 se a economia entrar na espiral “gasto é vida” e desandar. De toda forma, vai ser complicado aguardar numa das cadeiras mais difíceis da Esplanada enquanto seu rival, provavelmente, espera no bem mais tranquilo Palácio dos Bandeirantes.

E, claro, ainda faltam dois anos do atual mandato de Lula com muito por fazer: regulamentar a reforma tributária, fazer a reforma do Imposto de Renda, reduzir o gasto tributário, tentar a reforma administrativa…

Opinião por Raquel Landim

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