As agências de classificação de risco têm melhorado a nota de crédito e a perspectiva do Brasil nos últimos meses, mas o País ainda degraus abaixo do chamado grau de investimento. Mas o que isso significa e como o grau de investimento pode ser alcançado?
O que é o grau de investimento ?
O grau de investimento é uma espécie de selo de bom pagador, que dá maior segurança para que os investidores apliquem recursos no País. Porém, só estão no grau de investimento os países que possuem as melhores classificações de risco (ratings), também chamadas de notas de crédito, que são dadas pelas instituições especializadas conhecidas como agências de classificação de risco. Enquanto isso, as notas de crédito mais baixas fazem parte do grau especulativo, que indica menor segurança nos investimentos.
Os ratings indicam se o País é um bom ou mau pagador - ou seja, quais são as chances de ele dar um calote. Cada nota dada pelas agências de risco indica qual é a condição do País em relação à sua capacidade de saldar dívidas, o que é definido pela avaliação que as agências realizam de fatores como contas públicas, cenário macroeconômico, perspectivas de investimento e contexto político. As perspectivas das notas de crédito, por sua vez, indicam se aquela nota de crédito tende a se manter estável, cair (negativa) ou subir (positiva).
Oficialmente, o Brasil possui contrato para classificação de seu risco de crédito com a Standard and Poor’s (S&P), a Fitch Ratings (Fitch) e a Moody’s Investor Service. Para atribuir as notas, as agências usam letras, números e sinais matemáticos (+ ou -). Na S&P e na Fitch, por exemplo, o grau de investimento vai de AAA (nota mais alta) até BBB- (nota mais baixa) e o grau especulativo, de BB+ (nota mais alta) até D (nota mais baixa).
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Com o anúncio de elevação do rating do Brasil pela S&P, o País está hoje dois degraus abaixo do grau de investimento nas três agências. A Fitch elevou o rating do Brasil para BB em julho deste ano. Já a Moody’s classifica o país como Ba2 desde fevereiro de 2016.
Por ser um “carimbo” de bom pagador, o grau de investimento é cobiçado por poder atrair mais investimentos ao país. Muitas vezes, fundos de investimentos internacionais só podem aplicar recursos em países que tenham esse selo, por exemplo.
Como o Brasil é classificado hoje pelas agências de classificação de risco?
A agência de classificação de risco Fitch atribui nota de crédito BB ao Brasil, dois degraus abaixo do grau de investimento, que começa em BBB- - ainda tem o BB+ entre eles.
Na Standard and Poor’s (S&P), o Brasil também é classificado como BB, dois níveis abaixo do grau de investimento, que também começa em BBB- - ainda há a nota BB+ entre eles.
Já a Moody’s Investor Service, por sua vez, classifica o Brasil como Ba2, também dois níveis abaixo do grau de investimento, que começa em Baa3. Ainda há a nota Ba1 separando os dois.
Qual o caminho para o grau de investimento?
Segundo a S&P, a elevação da nota de crédito do Brasil foi motivada pela aprovação da reforma tributária. Ela destaca sua expectativa por novos progressos, embora lentos, na redução de desequilíbrios fiscais, na evolução de perspectivas econômicas e na reancoragem de expectativas da inflação.
A agência pode elevar o rating brasileiro outra vez nos próximos dois anos caso as reformas fiscais sustentem o crescimento de longo prazo nacional, ou se houver um progresso mais rápido do que o esperado na solução de “desequilíbrios fiscais”, somado a uma estabilização do nível da dívida.
Por outro lado, caso haja uma deterioração fiscal ocasionada pela má implementação de políticas estruturais, se o peso da dívida for superior ao esperado ou se o Brasil lidar com uma deterioração no cenário político e uma queda no investimento direto estrangeiro, o rating pode ser rebaixado nos próximos dois anos.
Quando o Brasil teve grau de investimento?
O Brasil conseguiu recebeu o grau de investimento da S&P em 2008, durante o governo Lula. A Fitch e a Moody’s seguiram a decisão e concederam o upgrade no rating brasileiro em 2008 e 2009, respectivamente.
Mas, em 2015, com a deterioração das contas públicas durante o governo da presidente Dilma Rousseff, a S&P retirou do Brasil o grau de investimento. Na época, o rating do Brasil foi de BBB- para BB+, com perspectiva negativa. Em dezembro de 2015, a Fitch reduziu a nota do Brasil para um nível abaixo da categoria de bom pagador. A Moody’s retirou o grau de investimento do Brasil em fevereiro de 2016, reduzindo a nota do para dois níveis abaixo do grau de investimento. / COM AGÊNCIA BRASIL
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