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O consultor econômico Raul Velloso escreve mensalmente

Opinião | Soluções para a expansão de gastos são capitalizar a previdência e ajustar o BPC

Diante da projeção de que o número de idosos suba, teremos de atuar para atacar o problema em sua raiz

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Destaquei na minha coluna de 11/12/2024 um pouco conhecido e rápido processo de crescimento da população acima de 60 anos, que aumentou em 62% no ano 2000 comparativamente a 1987, e, ao que se estima, terá aumentado ainda mais em 2024 (264%).

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Além de continuar aumentando em 2050, também sobre 1987 (para quando, neste último caso, se prevê a taxa de 679%).

Essa é talvez a principal causa que está por trás da exagerada expansão dos gastos com previdência e assistência (leia-se, neste último caso, o Benefício de Prestação Continuada), que se tem verificado em nosso país.

Se compararmos a evolução da população com mais de 60 anos com a da População em Idade Ativa (Pia), em que se situam os que contribuem para a previdência convencional, considerando o período entre 1987 e 2024, veremos que o número de idosos cresceu não menos do que os 264% já citados, enquanto a Pia aumentou bem menos – 76%.

Teremos de atuar para permitir uma solução que ataque o problema previdenciário em sua raiz Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Diante da projeção de que o número de idosos suba ainda mais que a Pia até 2050, teremos de atuar para permitir uma solução que ataque o problema em sua raiz, o que envolverá a necessidade de mudar radicalmente o Regime de Repartição Simples (RRS) adotado no sistema de previdência em vigor, na direção do chamado regime de capitalização.

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Antes de atingir esse ponto, especialistas na matéria, como Leonardo Rolim, em O Globo de 6/1/2025, chamam a atenção para a existência de parcelas indevidas na concessão do BPC, algo ao redor de R$ 14,5 bilhões, o que adiciona ainda mais gasolina à fogueira da expansão indesejável desse tipo de despesa, nas condições em que ela é hoje realizada, e que obviamente precisa ser combatido (voltarei ao assunto em breve).

Nesse processo, e como vimos antes, o peso conjunto da dupla previdência-BPC no gasto não-financeiro da União acabou saltando de 22,3% para 56,2% do total, entre 1987 e 2024, algo que, obviamente, se tornou um dos problemas mais complicados a serem enfrentados pelas autoridades da área financeira.

Para gastar mais em previdência e BPC, o País acabou se vendo forçado a praticamente abrir mão de investir em infraestrutura, o item talvez mais flexível do Orçamento Público, taxa essa cujo valor caiu de 5,1% para 0,6% do PIB.

Daí, não teve jeito: seguiu-se algo que deveria ter escandalizado os observadores à época, a desabada progressiva da taxa de crescimento médio do PIB, e, portanto, do emprego desde então.

A taxa média do PIB caiu de 8,8% ao ano nos anos 1980 até 0,9% em 2023.

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Opinião por Raul Velloso

Consultor econômico

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