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‘Real Digital pode atingir grau muito relevante entre os meios de pagamento’, diz Henrique Meirelles

Para o ex-ministro da Fazenda, criptoativos são evolução natural da economia e Brasil tem potencial de atrair investimentos

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Por Redação

Ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles é um entusiasta dos ativos digitais. Na opinião dele, a moeda digital que o BC planeja lançar em 2024 vai dar ao País um meio de pagamento mais rápido e moderno. “O Real Digital certamente pode atingir um grau muito relevante entre os diversos meios de pagamento, eventualmente se tornando tão ou mais importante do que o Real como é usado hoje”, afirmou Meirelles, sobre a CBDC (sigla em inglês para Central Bank Digital Currency).

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Ainda segundo ele, os criptoativos como meios de pagamento e a tokenização representam uma evolução natural da economia. “A tokenização surgiu com as moedas digitais e isso começa, devagar, a ser usado para outras coisas”, afirma Meirelles, que desde setembro faz parte do conselho consultivo global da Binance, a maior exchange (corretora) de criptoativos do mundo. “O Brasil hoje já é um dos sete maiores mercados globais de criptoativos, está caminhando na frente, e isso pode facilitar investimentos.”

O caminho para essa evolução envolve regulamentação e educação da população para o tema, na opinião de Meirelles. Leia a seguir os principais trechos da entrevista, concedida ao Estadão/Broadcast em sua residência, em São Paulo.

Por que o senhor aceitou fazer parte do conselho da Binance, uma exchange cripto?

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A razão principal é porque o cripto é um novo meio de pagamento, moderno, representa o futuro. Está sendo adotado cada vez mais o uso de moedas digitais. Agora, os bancos já vão adotar sua própria moeda digital, inclusive o Banco Central do Brasil está trabalhando ativamente no assunto.

O Real Digital pode se tornar um elemento relevante no contexto da tokenização da economia?

O Real Digital certamente pode atingir um grau muito relevante entre os diversos meios de pagamento, eventualmente, se tornando tão ou mais importante do que o real usado hoje, o estrutural, a moeda física. Os depósitos bancários já são digitais. Agora, nós teremos um meio mais moderno, mais rápido de uma moeda digital.

Qual o potencial de mercado da tokenização de ativos?

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A tokenização, na realidade, é a separação de um ativo em várias partes. Esse é um conceito que, de fato, surgiu com as moedas digitais, o criptoativo, e começa, devagar, a ser usado também para outras coisas. Por exemplo, você começa a pensar na possibilidade de tokenizar um imóvel, o que seria isso? Dividir o imóvel em partes e cada investidor compraria um token, o que significa um pedaço, uma parte do valor dele. (A tokenização) está em seus estágios iniciais. Mas não há dúvida de que tudo isso é consequência da evolução da criptomoeda e dos criptoativos. Acho que (a tokenização) pode sim facilitar os investimentos no mundo todo, inclusive no Brasil, na medida em que o País prossiga nessa linha, como já faz, de agir rápido, sair na frente. O Brasil hoje é um dos sete maiores mercados de criptoativos do mundo. Agora, com a regulamentação, isso pode facilitar investimentos no Brasil. Já foi aprovado em novembro um Projeto de Lei no Congresso (o PL 4401), dando a regulamentação básica da criptomoeda e agora teremos uma mais detalhada, possivelmente, do Banco Central. É preciso evitar os problemas que tem havido em um mercado que está crescendo muito, mas não está normatizado, e que tem sido muito atraente para os investidores.

Qual o aspecto mais importante das criptomoedas na economia?

Fato concreto é que o criptoativo é algo que representa uma evolução normal da tecnologia, mas aplicada aos pagamentos. Isso é o mais relevante, é uma modernização. Representa uma possibilidade de pagamentos mais rápidos e mais eficientes. Agora, vai depender não só da regulamentação para evitar o mau uso disso, mas também de um esclarecimento. É importante para as pessoas entenderem isso. Hoje, principalmente no Brasil, isso é muito pouco entendido, pois as pessoas acham que a criptomoeda é algo para investir, para especular... sobe, baixa de preço, etc. Isso é um efeito secundário. Você pode investir no euro, no dólar, você pode investir em outras moedas. Mas o importante é que (criptomoeda) é um meio de pagamento muito eficiente. (Reportagem de Alex Braga, Ana Luiza Serrão e Jean Mendes)


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Reportagem I Alunos da 12ª turma do Curso Estadão de Jornalismo Econômico: Adrielle Farias, Alex Braga, Ana Clara Praxedes, Ana Luiza Serrão, Ana Ritti, Beatriz Capirazi, Carolina Maingué Pires, Davi Valadares, Erick Souza, Fernanda Paixão, Gabriel Tassi, Guilherme Naldis, Jean Mendes, Jennifer Neves, Lara Castelo, Letícia Araújo, Luiz Araújo, Maria Clara Andrade, Maria Lígia Barros, Paulo Renato Nepomuceno, Pedro Pligher, Rebecca Crepaldi, Renata Leite e Zeca Ferreira Edição e coordenação I Carla Miranda e Luana Pavani

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