Trafegar um alto volume de dados, com baixa latência, alto nível de segurança e sempre buscando performance pode ser um desafio para muitas empresas ao adotar redes de telecomunicação tradicionais. No entanto, esses fatores são justamente os pontos fortes na adoção de redes 5G privativas – infraestruturas que funcionam como as redes públicas, mas com a privacidade e a eficiência que só um ecossistema de soluções de telecomunicações dedicadas pode oferecer. Para ajudar as organizações nesse processo, Dell Technologies, Nokia e Intel estão colaborando para facilitar a adoção dessa infraestrutura de telecomunicação, investindo em uma abordagem aberta para promover eficiência, segurança e produtividade.
As redes 5G privativas podem beneficiar diferentes setores da economia, desde a indústria e o agronegócio até a saúde e a mineração, entre outros. “São empresas que podem se aproveitar dos recursos de redes de altíssimas velocidades, de maneira segura, para fazer automação de suas tarefas, seja numa linha de produção, no campo ou dentro de uma mina”, exemplifica Miguel Carminate, diretor de Vendas da Dell Technologies no Brasil. “É o melhor dos dois mundos: são redes que utilizam o poder e os benefícios do 5G, como já estamos acostumados a usar nos celulares atualmente, mas com um alto nível de segurança para as organizações.”
Na visão de Marcelo Entreconti, head da Enterprise Campus Edge da Nokia para a América Latina, a adoção de redes privativas de 5G permite aos clientes “se beneficiar de uma conectividade pervasiva e profunda, conectando facilmente seus ativos, mantendo desempenho e confiabilidade determinísticos e necessários para a tecnologia”.
Casos de uso
Entre os casos de uso para as redes privativas de 5G, o primeiro que chama a atenção é o da indústria 4.0, com a infraestrutura de telecomunicações servindo para aumentar eficiência e segurança, e também para evitar erros ao longo do processo – a própria Dell, hoje, em suas linhas de produção, utiliza visão computacional a partir das redes 5G privativas. “Conseguimos aferir se um operário está com o equipamento de proteção certo ou se a montagem e entrega das peças está correta em tempo real”, explica Carminate.
Outro exemplo interessante vem da agropecuária, em que a rede 5G pode funcionar como uma cerca de segurança dentro de uma criação. “Se você tem um boi com chip, você consegue rastrear todos os movimentos dele, e isso pode garantir a qualidade da carne, incluindo rastreamento de doenças, o que é importante para o mercado exterior”, ressalta Jayro Navarro Júnior, diretor de Telecomunicações da Intel Brasil.
Carminate, da Dell Technologies, ilustra ainda a forma como redes de 5G dão confiabilidade para o uso de caminhões autônomos na mineração, transportando materiais em locais perigosos, evitando a exposição humana a tarefas insalubres. “Esse direcional de segurança, de desenvolver tecnologia para o progresso humano, também é algo que faz parte da Dell e pode mudar a maneira como as pessoas e as organizações trabalham”, ressalta o executivo. Segundo o relatório de Digitalização Industrial de 2024 da Nokia, 65% das empresas pesquisadas afirmaram que o uso de redes privativas traz melhorias de mais de 10% em casos de uso para melhorar a segurança dos colaboradores, com uso de geofencing, trabalho conectado e robótica para tarefas perigosas.
Além disso, conforme lembra Entreconti, o aumento da segurança também vem aliado a melhorias na sustentabilidade. “A conectividade aprimorada aumentou a capacidade das empresas de conectar dispositivos e sensores para rastrear e monitorar suas emissões de carbono, com 79% das organizações experimentando melhoria significativa em seus esforços na área”, ressalta o executivo da Nokia.
Ecossistema aberto
O anúncio da parceria estratégica visa avançar na transformação de redes em nuvem e no desenvolvimento de redes privativas 5G. Esta colaboração pretende combinar a infraestrutura aberta e os serviços da Dell com as soluções de rede da Nokia, incluindo o 5G privativo. Juntas, as empresas planejam ajudar organizações a modernizar suas redes, melhorando a flexibilidade, a segurança e a eficiência operacional.
A integração de tecnologias, combinando as soluções de computação de borda e nuvem da Dell Technologies com as redes privativas 5G da Nokia e segurança avançada, proporciona uma infraestrutura segura para proteger dados e operações críticas. “Nós unimos a plataforma de desenvolvimento, o hardware e o motor que faz tudo isso girar”, ressalta o executivo da Dell.
Mais do que apenas somar forças, porém, a parceria entre as grandes empresas faz parte de um ecossistema aberto de soluções, que permite aos clientes da Dell Technologies, da Nokia e da Intel aproveitarem as redes 5G privativas de forma ampla. Muito dessa inovação é estabelecida dentro do Open Ecosystem Telecommunications Lab (OTEL), da Dell, nos Estados Unidos, que desenvolve protocolos para qualquer organização criar programas e aplicações a partir desses sistemas.
“Se uma empresa cria um sistema para visualizar defeitos em bolachas produzidas na indústria alimentícia, com visão computacional, ele pode funcionar justamente a partir dessa base estabelecida pela parceria”, explica Navarro, da Intel. “É uma desagregação do mercado que traz desafios e novas responsabilidades para os fornecedores, mas que ao mesmo tempo permite aos clientes aproveitar diferentes vantagens dos avanços tecnológicos”, complementa Carminate, da Dell.
É uma vantagem para qualquer organização que busca adotar as redes 5G privativas – e que se estende inclusive ao Brasil, com um laboratório sediado em Sorocaba (SP), agregando 18 empresas capazes de criar peças para esse ecossistema, homologando softwares e soluções de maneira local. “É algo muito interessante, porque permite ao Brasil ocupar uma posição de destaque dentro do mercado da América Latina”, ressalta Navarro, da Intel.
Além de permitir o desenvolvimento de soluções locais, aumentando o potencial de inovação dos clientes no Brasil, o laboratório do interior paulista também traz a vantagem de oferecer soluções já em conformidade com a regulação de telecomunicações brasileira, vigiada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), obedecendo inclusive a protocolos de segurança – um ponto central na estratégia de qualquer organização.
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