Divididas em quatro classes principais (4G/LTE, 5G, Wi-Fi 6 e LoRa) as redes desenhadas para uso exclusivo de uma empresa (privativas) viraram de vez as estrelas dos negócios no Brasil. Por meio delas, dimensionadas por operadoras ou orquestradoras de serviços de tecnologia, máquinas e dispositivos são conectados e dados trafegam em grande velocidade. Em muitos casos, mais de um padrão pode funcionar em conjunto, de maneira complementar.
Conectividade de alto desempenho é essencial para as fábricas 4.0, onde a utilização das redes próprias ainda resolve outro grande problema: no caso de compra de novos equipamentos ou reconfiguração das linhas, todo o processo pode ser feito mais facilmente na comparação com o uso de fibras óticas. Não há necessidade de quebra de pisos e paredes para conectar tudo de novo. Economiza-se tempo e dinheiro.
Estudo divulgado em outubro pela consultoria Omdia mostra o Brasil como oitavo mercado do mundo na quantidade de redes privativas em funcionamento ou planejadas. Os setores de manufatura, energia e agricultura são os que mais buscam essas soluções, principalmente as de quinta geração – atualmente, apenas 5,3% das redes privativas no País são 5G. “Com a chegada dessa tecnologia, as teles investiram muito na construção das redes. Agora é a hora de focar em inovação na parte de serviços”, destaca Ari Lopes, gerente sênior da Omdia.
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) mantém um acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para testes e implementação de redes privativas em empresas brasileiras. Recentemente, na empresa WEG, que atua com máquinas, automação, processos industriais e energia, foram testadas soluções de duas fabricantes nas frequências de 3,5 GHz. Para que uma companhia implemente sua rede própria, é necessário obter uma licença de concessão por meio da agência.
Os testes validaram as premissas de capacidade do 5G, permitindo velocidades de tráfego de dados em torno de 800 Mbps. “Essas capacidades técnicas permitiram a instalação de inovações, não possíveis em redes Wi-Fi industriais, como robôs de inspeção com VR (Realidade Virtual) e câmeras inteligentes”, explica Lopes.
Em outros locais, como no Parque Tecnológico Itaipu e na Petrobrás, tecnologias semelhantes foram ligadas às redes privativas, como o cão-robô Spot, que por realizar tarefas complexas em ambientes insalubres reduz os riscos contra a saúde dos funcionários. Sensores que medem a concentração de produtos perigosos substituem a necessidade da vigilância humana. O sistema é provido ainda de câmeras, que fazem a vigilância das áreas, e inteligência artificial para processar parte das informações coletadas nos ambientes sob monitoramento.
Ecossistemas lastreados na conexão
Integração de todo um ecossistema de coisas e pessoas, sem a oscilação de sinal que costuma estar presente em ambientes industriais, e com máxima segurança e flexibilidade. Para Alexandre Gomes, diretor de Marketing da Embratel, são esses os principais pontos e vantagens que envolvem a implementação funcional de uma rede privativa. “Trata-se de orquestrar o design, a implementação e a operação da rede, junto com todo o ecossistema do cliente”, resume.
Dependendo da necessidade e do nível de maturidade digital de uma empresa, existem três soluções possíveis caso a opção seja implementar uma rede 5G privativa. A primeira prioriza a cobertura e a rede entrega um serviço celular dedicado ao cliente, utilizando o core (núcleo) de rede da Embratel, que compartilha a capacidade com outras empresas.
A segunda modalidade prevê que uma parte do núcleo da rede, a UPF (User Plane Function) fique instalada no cliente, o que garante menor latência e maior resiliência. “Na implementação core full [a terceira solução], o núcleo completo fica instalado no cliente, o que costuma ser uma solicitação para aplicações em missão crítica.”
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