Empresa de Petrobras, Braskem e Ultra adota tecnologia dinamarquesa para 1ª biorrefinaria do Brasil

Os estudos para unidade da Refinaria Riograndense com foco em SAF (combustível sustentável para aviação) e possibilidade de produzir também diesel verde são esperados para junho

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RIO - A Refinaria Riograndense, controlada pela Petrobras, Braskem e Grupo Ultra, assinou com a dinamarquesa Topsoe contrato de fornecimento da tecnologia para a construção da primeira biorrefinaria brasileira, projeto que gira em torno de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,76 bi, ao câmbio do momento, nesta terça-feira, 12). Os estudos para a nova unidade — que terá foco na produção de SAF (combustível sustentável para aviação), com flexibilidade para produção de diesel verde —, serão entregues em junho do ano que vem. A previsão é de que a decisão sobre o investimento seja tomada pelos sócios entre julho e agosto de 2025, disse ao Estadão/Broadcast o diretor-superintendente da refinaria gaúcha, Felipe Jorge.

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“Essa unidade vai consumir 800 mil toneladas por ano de matérias-primas sustentáveis, óleos vegetais, gordura animal, enfim, matérias-primas residuais, para a produção do SAF e do diesel verde. Vai ser uma unidade separada da refinaria que existe hoje”, informou. Se os estudos da Topsoe forem aprovados pelos sócios da refinaria, a expectativa é de que a operação da nova unidade seja iniciada em 2028.

No ano passado, a Riograndense deu o passo inicial para a descarbonização de suas operações, quando fez o primeiro processamento no mundo em escala industrial de 1,5 mil toneladas de óleo de soja em sua unidade de FCC (craqueamento catalítico de fluidos), através de tecnologia desenvolvida pelo Cenpes/Petrobras, onde produziu BioGLP, Nafta aromática e combustíveis marítimos sustentáveis. Com o sucesso do teste, a produção regular desses combustíveis está prevista para ocorrer a partir de 2025, nas unidades já existentes da refinaria.

Refinaria Riograndense, em Rio Grande (RS), tem posição estratégica, destaca diretor Foto: Refinaria Riograndense/Agência Petrobras

“Essa iniciativa foi um sucesso. A tecnologia Petrobras foi, digamos assim, validada industrialmente, e nós estamos planejando o início da operação comercial para o ano que vem. A gente fala em processar, de início, a partir do ano que vem, 120 mil toneladas de matéria-prima sustentável por ano”, disse Jorge.

A regulação do combustível do futuro

De acordo com o executivo, o Projeto de Lei Combustível do Futuro ajudou a melhorar o ambiente de investimentos no País na área, ao trazer uma regulação mais clara para os projetos de SAF. “Ter uma regulação clara no nosso País é fundamental para qualquer projeto de SAF, embora os projetos que a gente estuda no Brasil, naturalmente, são projetos que olham para o mercado nacional e para o mercado internacional”, explicou.

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Ele avalia que não haverá obstáculos para o financiamento da nova unidade, não só pelo porte dos sócios no projeto, mas pela atratividade do investimento, que, se aprovado, pode ser muito competitivo, tanto no mercado interno como externo.

“Estamos trabalhando com a premissa que o projeto vai ter um alto grau de financiabilidade. A gente está falando de três grandes empresas, que tem processos e estruturas bem sólidas pra isso. A gente está conversando muito com o mercado para a estruturação do project finance, ou para poder criar um funding atrativo. O acionista, no momento de tomar a decisão, vai avaliar o custo de capital e uma série de parâmetros para compor essa dívida”, ressaltou.

A competitividade virá principalmente pela localização da refinaria, segundo Jorge, já que no sul do Estado, onde fica Rio Grande, é uma região de exportação de grãos e óleo vegetal, inclusive para os Estados Unidos. “Para se ter uma noção, já tem matéria-prima, gordura animal, sendo exportada pelo Brasil pra produção nos Estados Unidos. E essa matéria-prima passa aqui na frente do nosso site”, destacou.

De acordo com Jorge, a expectativa é de que durante a obra, cerca de 2 mil pessoas estejam envolvidas, direta ou indiretamente. “A gente está falando aqui, claramente, que essa demanda adicional que vai surgir vai movimentar tanto a estrutura logística quanto a estrutura agrícola do nosso estado, e, claramente, vai dar mais um impulso na economia gaúcha, sem sombra de dúvidas”, acrescentou.

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