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Reforma tributária: empresas temem custos da transição e falam em ‘dezenas de milhões’

Diretores de áreas tributárias de grandes companhias dizem que será preciso um processo simultâneo para apuração e pagamento de impostos durante a fase de adaptação

Os diretores das áreas tributárias das empresas estão preocupados com custos adicionais durante o período de transição da reforma tributária, que começa em 2026. Os tributos existentes hoje irão coexistir com os novos Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS), o que demandará o processamento simultâneo de dois sistemas de apuração e pagamento.

Em evento realizado pela Bravo, tax fintech, empresa da área tributária, na semana passada, em São Paulo, as equipes tributárias de companhias como Casas Bahia, Jaguar Land Rover, Bat, 99 e Red Bull manifestaram preocupações sobre o tema.

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“No fim do dia, todo mundo tem uma conta pra entregar. Nossa missão é dizer para o conselho da empresa quanto a Reforma irá custar”, disse Alessandra Vieira, diretora tributária no Grupo Casas Bahia, em painel no evento. Ao Estadão/Broadcast, Alessandra afirmou que o número ainda está sendo fechado, mas que deve girar em torno de “dezenas de milhões”.

A conta, segundo ela, inclui somente as despesas operacionais, sem incluir eventuais diferenças de alíquota. “Precisaremos emitir duas notas diferentes, precisaremos de uma equipe olhando para os novos impostos. É um custo que vai competir com o core do negócio”, falou.

Já a padronização das alíquotas dentro dos Estados, que terão mais restrições para conceder benefícios fiscais aos setores, deve resultar, segundo ela, em uma mudança na distribuição de lojas. “Antes, a parte fiscal era mandatória. Agora, devemos ir mais para perto dos clientes”, falou.

Juliana Paranhos, diretora da área fiscal na BAT, dona de marcas de cigarros como Lucky Strike e Dunhill, disse acreditar que a transação da Reforma “tem tudo para ser caótica”.

“Há líderes optando por fazer as mesmas pessoas olharem para o tributo antigo e para o novo, olharem para a obrigação assessória antiga e para a nova. E tem também a opção de dividir a equipe para que uma parte do time mantenha a estabilização do regime antigo enquanto a outra parte vai construir a reforma tributária”, afirmou.

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Companhias avaliam terceirizar equipes para período de adaptação

Karen Steuer, gerente tributária nacional na Red Bull, disse apostar na terceirização como uma possível solução para ajudar na adaptação das equipes à transição. De acordo com ela, “o mais importante é conseguir garantir que o time interno esteja focado na estratégia, disponível para novos projetos”.

A profissional defendeu o chamado Business Process Outsourcing (BPO), ou terceirização de processos de negócios, que consiste na transferência total ou parcial da operação fiscal e contábil das empresas para um parceiro. O serviço é um dos que são oferecidos pela Bravo, organizadora do evento.

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