Ao contrário, para manter o preço final da obra em tamanhos que se encaixem no orçamento e condições de financiamento para essa faixa de rendimento, a opção tende a ser por materiais e mão de obra mais baratos, ainda que isso comprometa o produto final. Quando uma construtora se propõe a romper com esses padrões chama atenção e merece destaque.
Atuando na Grande São Paulo, nos municípios de Osasco, Cotia e Taboão da Serra, a Sindona é uma delas. O ponto de partida para uma atitude diferenciada reside no entendimento da importância do que é a aquisição de um imóvel, especialmente para quem tem menos condições financeiras.
"As pessoas levantam de madrugada para trabalhar, se esforçam ao máximo para conseguir um dinheiro para comprar a sua casa, em 30 anos. É uma dívida cara", reconhece o seu diretor-executivo, Bruno Sindona. "E se houve tanto sacrifício, não posso entregar qualquer coisa, nosso objetivo é oferecer algo de qualidade, que seja motivo de orgulho para elas".
E para atingir essa meta, Bruno atua em várias frentes, ele mesmo prefere estar presente nas obras, falar com os funcionários, atender seus clientes. Também procurou ser autossuficiente em várias etapas da construção, desde a fabricação dos produtos necessários para a obra, como blocos e pisos, passando pela de mão de obra, até a equipe de venda.
Tudo faz parte da holding Sindona, que inclui a incorporadora, construtora, e a imobiliária. Associada a tudo isso existe também uma fintech, a "Crédito do Bem", que oferece consultoria financeira para os compradores, até mesmo para os que não conseguiram comprovar condições de aquisição. No caso, eles são orientados a administrar bem as finanças para que futuramente se enquadrem nas exigências de financiamento.
Com esse modelo, sem intermediações, a Sindona conseguiu baixar bastante o custo dos imóveis, mas sem abrir mão da qualidade e possibilitando o acesso de muita gente ao financiamento, segundo o diretor.
Em seus empreendimentos, a empresa cuida desde observar se o local é servido por transporte público, saneamento básico, até detalhes como piscinas com toboágua, churrasqueiras e jardins. Em algumas obras, o comprador participa com sugestões sobre a pintura e outros itens de acabamento do prédio. Não que não existam problemas, só que quando eles aparecem os esforços são para resolvê-los da melhor forma possível, ouvindo os clientes.
Mas o objetivo é mesmo evitá-los, e para isso a política da casa é manter a equipe integrada, motivada e ciente de suas responsabilidades. Na hora da entrega das chaves, por exemplo, Bruno chama os serventes de obra para fazê-la.
Uma atitude carregada de simbologia que humaniza todo o processo. "Ao mesmo tempo em que vai procurar desempenhar o trabalho da melhor forma possível, o funcionário se sente valorizado pelo trabalho final de qualidade que vai entregar ao comprador", explica o executivo. As famílias dos funcionários também são convidadas para participar do evento em que há entrega de medalhas aos profissionais. Por sua vez, o cliente também acaba percebendo esse tratamento diferenciado da empresa e seus funcionários.
A Sindona já entregou 800 unidades e espera concluir mais 1200 até 2020. Os financiamentos saem pela Caixa dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. Os imóveis ficam em média na faixa entre R$ 130 mil e R$ 340 mil. A liberação dos recursos gira em torno de 85% do valor do imóvel, sendo que os 15% restantes da entrada são financiados pela própria empresa com recursos próprios e parcelados em até 30 meses.
Detalhes do programa
O Minha Casa, Minha Vida é voltado para candidatos que tenham renda própria ou familiar variando de R$ 1,8 mil a R$ 9 mil. Há subsídios oferecidos pelo governo para renda mais baixa e o dinheiro do FGTS pode ser usado para pagamento da entrada ou de até 80% do valor das prestações.
Além de enquadrar-se nas faixas de renda, o interessado precisa preencher outras condições, como ter mais de 18 anos, nunca ter participado de outro programa habitacional do governo, não possuir imóvel em seu nome, ter carteira assinada há pelo menos três anos e residir ou trabalhar há pelo menos 1 ano no município em que o imóvel será adquirido.
Já o imóvel tem de ser novo, entenda-se com isso que nunca pode ter sido habitado, o que também permite a compra na planta, deve ser destinado exclusivamente para moradia e estar localizado no município de trabalho ou residência do candidato.
Na faixa 1, o financiamento é concedido a quem tem renda mensal de até R$ 1,8 mil, a liberação do financiamento pode chegar a 90% do valor do imóvel, as prestações ficam entre R$ 80 e R$ 270 e o prazo de pagamento é de até 10 anos. Há casos em que serão concedidos subsídios do governo para pagamento do imóvel.
Na faixa 1,5, o financiamento é para quem comprovar renda mensal de até R$ 2,6 mil, a taxa de juro é de 5% ao ano, para pagamento em 30 anos, e pode haver subsídio concedido pelo governo de até R$ 47.500,00 para pagamento da entrada.
Na faixa 2, a concessão é para quem tem renda de até R$ 4 mil, para pagamento em 30 anos, com juros de 5,5% a 7% ao ano e subsídio que pode chegar a R$ 29 mil para pagamento da entrada.
Na faixa 3, o financiamento é feito para quem tem renda de até R$ 9 mil, o prazo para pagamento é de até 30 anos, mas há uma diferenciação da taxa de juro: para renda de R$ 4 mil a R$ 7 mil, a taxa será de 8,16% ao ano; e acima de R$ 7 mil a R$ 9 mil, de 9,16% ao ano.
Quando o imóvel for financiado pelas faixas 1 e 1,5, o imóvel não poderá ser vendido, pelas facilidades oferecidas pelo governo. Quanto maior a renda do candidato, menor o subsídio oferecido pelo governo. No site da Caixa www.caixa.gov.br há um simulador em que é possível identificar qual o valor do benefício para a compra de acordo com as condições pessoais do interessado.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.