Quem nunca leu uma chamada financeira prometendo ganhos extraordinários e parou para ler? Mesmo com descrença inicial, uma chamada bem-feita com promessas de se ganhar muito dinheiro atrai qualquer um. Esse tipo de apelo é usado pelo mercado financeiro desde sempre. Mas, nos últimos tempos, ganhou um novo personagem – os finfluencers, influenciadores digitais que produzem conteúdo sobre investimentos, finanças pessoais e educação financeira. A ação dos influenciadores ao redor do mundo tornou-se uma das formas mais populares e eficazes de marketing online. São milhões de usuários navegando diariamente na internet à procura de entretenimento, inspiração e recomendações de produtos, particularmente investimentos.
A falta de educação financeira aliada à facilidade de obtenção de dicas que facilitem a vida torna esse um campo fértil para aqueles com capacidade de comunicação venderem produtos, serviços ou “compartilhamento de conhecimento” sobre gestão financeira, seguros, orçamentos, investimentos e tudo mais. Humphrey Yang é considerado o influencer financeiro mais popular do mundo, com mais de 54 milhões de seguidores.
Segundo pesquisa da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) em parceria com o IBPAD (Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados), no final do primeiro semestre de 2023 já eram 176,3 milhões os seguidores dos 515 finfluencers brasileiros, o que, naturalmente, despertou o interesse dos órgãos reguladores.
Da mesma maneira que os influencers podem ajudar as pessoas, há muitos riscos associados à disseminação de informações financeiras erradas ou não adequadas aos investidores, com potencial de dano ao bem-estar financeiro dos seguidores.
Diante dessa preocupação, a Anbima publicou neste mês regras para a contratação de influenciadores digitais para publicidade de produtos de investimento. Não se trata de regulação das atividades dos influenciadores, que têm liberdade de manifestação. O objetivo é dar transparência às relações entre as instituições financeiras e os influencers, que devem informar quando estiverem fazendo ações patrocinadas, ou em parceria com as instituições. As regras também preveem que a instituição é corresponsável pelo conteúdo das publicações contratadas e deve garantir que o influencer tenha as certificações ou autorizações necessárias caso esteja fazendo a recomendação ou análise de algum produto.
Do seu lado, o investidor deve ficar atento, verificar as credenciais de quem está seguindo, buscar conhecer mais sobre o mundo das finanças e não acreditar em milagres financeiros.
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