Dois mil e vinte três será o ano da “economia circular”. Prova disso é que o Ministério da Fazenda está preparando um novo “pacote verde”, batizado de Plano de Transição Ecológica, com o objetivo de impulsionar o País com ações sustentáveis e promover a transformação no setor produtivo brasileiro, o que incluirá um bloco dedicado a tratamento de resíduos e circularidade de materiais tal como o plástico, que está presente nas cadeias de produção e, há tempos, vem sendo questionado.
O pacote poderá gerar medidas e leis mais rigorosas, e o setor privado tem mostrado imenso apetite por soluções em economia circular, por conta da pressão de investidores, em geral, ansiosos por apoiar soluções mais sustentáveis.
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O interesse também tem aumentado pelo evidente viés das oportunidades. Há uma enorme demanda reprimida no ambiente de reciclados e por diferentes motivos. A solução é parte essencial da economia circular e tende a crescer, imensamente, nos próximos anos.
Durante décadas, o setor ficou no ostracismo dos investimentos. Se por um lado a utilização do plástico demonstrou avanço importante em diferentes produtos, seu destino pós-utilização precisa ser revisto.
Não importa o setor. O plástico está presente em todas as cadeias de produção. Tirar o insumo de cena, sem alternativas escaláveis, é comprometer todo o ecossistema industrial global.
O emaranhado complexo, construído ao longo de décadas, é, por outro lado, a oportunidade para atuar em diferentes frentes simultâneas, como, por exemplo, na conscientização sobre os itens de uso único e sua implicação ambiental, no desenvolvimento de materiais substitutos (como os bioplásticos) e nas imprescindíveis tecnologias de reciclagem, para reincorporar resíduos industriais à manufatura.
Se o plástico é um material transversal na indústria, é com esse mesmo viés que a reindustrialização do Brasil deve ser planejada: com soluções que atravessam setores e auxiliam também na descarbonização. Desde a adoção de novos modelos de produção, com a redução no uso de matéria virgem, à reciclagem, e o retorno do que hoje é chamado de resíduo, até a cadeia produtiva.
O setor privado tem a responsabilidade de acelerar soluções principalmente para o plástico. Mesmo que a atividade-fim das indústrias não seja, obviamente, exclusiva para encontrar soluções para os grandes desafios ambientais e para as lacunas estruturais do nosso país, todas precisarão se enxergar num novo papel: o de ser um mecanismo de enfrentamento das mudanças climáticas. / LUCIANA ANTONINI RIBEIRO É COFUNDADORA DA EB CAPITAL
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