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Renault se transforma para eletrificação mundial

Fabricante se movimenta com metas de descarbonização, digitalização e políticas socioambientais para novos tempos da eletromobilidade

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Por Mário Sérgio Venditti
5 min de leitura

No cenário automotivo global, não há uma fabricante sequer que não esteja envolvida com planos de eletrificar seu portfólio de veículos. Em muitos países da Europa, a meta de não desenvolver mais automóveis com motor a combustão, a partir de 2035, impõe desafios importantes para reduzir emissões de poluentes em todas as esferas de produção.

A Renault é uma das montadoras que mergulharam firme no propósito de descarbonizar suas atividades, ao lançar o plano Renaulution, em 2021. Trata-se de uma política de governança socioambiental baseada em três pilares: a transição energética, a segurança dos clientes no trânsito e dos colaboradores no local de trabalho e o aumento no número de mulheres nas equipes de trabalho.

“Os resultados do Renault Group, em 2022, ficaram acima dos objetivos iniciais traçados no plano Renaulution”, afirma Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil. “Assim, conseguimos finalizar a primeira fase, chamada de Resurrection, com três anos de antecedência.”

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O compromisso em relação à eletrificação é que as vendas dos veículos movidos a bateria da marca totalizem 65% a partir de 2025 e 90% em 2030. A Renault busca, também, alcançar zero carbono na Europa até 2040 e, dez anos depois, no mundo.

Marca francesa reduziu 25% da pegada de carbono em seus processos de produção Foto: Divulgação/ Renault

Segunda etapa

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O plano está bem encaminhado. Gondo conta, que, no ano passado, a companhia registrou redução de 25% na pegada de carbono em âmbito global, colaborando para o início antecipado da Renovation, a segunda fase do projeto Renaulution. Com foco no desenvolvimento de produtos de alta qualidade, ela vai culminar com a melhor gama de veículos da fabricante dos últimos 30 anos.

“O Megane E-Tech, totalmente elétrico, e o Austral são os primeiros modelos dessa nova onda. No Brasil, o carro de estreia da fase Renovation será o Megane E-Tech, previsto para chegar no segundo semestre”, revela o executivo.

A aceleração na meta de descarbonização é um plano que inclui investimentos em energia fotovoltaica, geotérmica e biomassa. Em novembro passado, por exemplo, a empresa divulgou o plano de descarbonizar as unidades industriais na França, por meio de parcerias estratégicas.

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“O acordo com a empresa Voltalia prevê o maior contrato de fornecimento de eletricidade verde na França. Já a Engie preparou o primeiro projeto geotérmico no parque industrial na cidade de Douai. A Dalkia, por sua vez, se encarregou da instalação de uma caldeira de biomassa em Maubeuge”, revela Gondo.

Universidade

Os compromissos de transição ecológica assumidos pela Renault são abrangentes. Um deles se refere à diminuição na pegada de carbono da área de compras, concentrando esforços em seis componentes: aço, alumínio, polímeros, componentes eletrônicos, pneus e vidros. Na manufatura, a empresa pretende cortar 50% nas emissões de suas fábricas até 2030, em comparação aos índices de 2019.

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Para isso, a Renault vem investindo 20 milhões de euros em intervenções em suas instalações industriais que, de acordo com Ricardo Gondo, serão capazes de gerar uma economia de até 90 milhões de euros com a redução de energia.

Tendo em vista que a eletrificação dos carros e dos meios de produção exigirá novas competências, a Renault decidiu recorrer à expertise da academia. Dessa forma, ela mesma criou uma universidade com atuação nas áreas de eletrificação, cibersegurança, análise e gestão de dados e economia circular.

Até 2025, a ReKnow University, destinada, no primeiro momento, aos colaboradores da Renault na França, formará 40% do pessoal impactado por essas transformações. Em seguida, os cursos serão abertos aos parceiros industriais, que trabalham em conjunto com a Renault na implementação de cursos profissionalizantes. Enquanto forma a mão de obra especializada, a Renault também segue na estrada da digitalização com o primeiro metaverso industrial.

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Megane E-Tech

Na Europa, a Renault é a terceira marca no mercado dos veículos elétricos e a segunda entre os híbridos. Mas a velocidade dos mercados é diferente. Embora esteja em evolução no País, o segmento de automóveis eletrificados ainda representa cerca de 4% do total.

“No Brasil, a Renault vendeu 1.200 veículos 100% elétricos em 2022. Esse desempenho representa aumento de sete vezes, em relação a 2021. O Kwid E-Tech ajudou muito para atingir esse número”, acredita Gondo. Em 2023, com a chegada do Megane E-Tech 100% elétrico, a expectativa é de que esse número de vendas dê um salto significativo. Qualidades não faltam ao carro: são mais de 300 patentes registradas na produção do veículo e da plataforma.

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“Um exemplo é o processo de enrolamento do rotor sem ímã, que é substituído pelo cobre, com impacto ambiental bem menor”, explica Gondo. “O processo permite modular a corrente no rotor, restringindo o consumo de energia elétrica, principalmente em alta velocidade e em vias rápidas.”

Metaverso industrial

A digitalização dos processos da Renault conheceu um aliado importante, que é o metaverso industrial. Atualmente, 100% das linhas de produção estão conectadas, 90% dos fluxos de abastecimento são monitorados e 100% dos dados da cadeia de suprimentos se encontram hospedados no metaverso da fabricante, com réplica do mundo físico acompanhada em tempo real.

Inseridos na indústria 4.0 em 2016, os processos digitais geraram para a Renault uma economia de [sinal de euro] E 780 milhões, em itens como estoque, prazo de entrega dos veículos e pegada de carbono na produção dos automóveis.

Segundo Ricardo Gondo, o metaverso industrial é um ambiente virtual alimentado por coleta de dados em massa, gêmeos digitais dos processos, conexão do ecossistema da cadeia de suprimentos e uma série de tecnologias avançadas.

“No Brasil, nossa jornada começou em 2016, quando equipamos as fábricas para conectar os meios de produção. Robôs, parafusadeiras e parte dos postos de trabalho já estão integrados na plataforma da Google, gerando dados em tempo real para posterior análise, de forma reativa e preditiva”, afirma.

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