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Renda fixa veio para ficar

Mesmo que caia, taxa de juros deve permanecer em dois dígitos por mais de um ano

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Por Estadão Blue Studio
3 min de leitura
Quando se trata de renda fixa, o cuidado com o risco de crédito deve ser uma prioridade Foto: Getty Images

Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter a Selic (taxa básica de juros) em 13,75% ao ano pela quinta vez seguida, mesmo com pressões do governo no sentido contrário. Com isso, a taxa de juros real (descontada a inflação) brasileira está em 6,94% ao ano, patamar que supera o de todos os outros países do mundo, de acordo com levantamento do MoneYou e da Infinity Asset.

Com os juros no topo do ranking mundial, as aplicações de renda fixa seguem entre as preferidas dos brasileiros e devem continuar assim ao longo de todo o ano. “O Banco Central sinalizou que ainda não estamos próximos de uma queda na Selic”, afirma Luigi Wis, especialista em investimentos da Genial.

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Mesmo que a taxa comece a recuar a partir da metade de 2023, a perspectiva é que ela permaneça na casa de dois dígitos no ano que vem, o que continuará beneficiando os investidores dessa classe de ativos. “É pouco provável que a queda da Selic nos próximos 12 meses seja de grande magnitude”, acredita Wis.

A renda fixa oferece tipos diferentes de retornos, que podem ser prefixados, pós-fixados ou indexados à inflação – e cada um deles faz mais ou menos sentido dependendo do cenário macroeconômico. Para Christopher Galvão, analista de renda fixa da Nord Research, as aplicações pós-fixadas devem ser priorizadas atualmente. “A inflação segue pressionando e há muitas dúvidas envolvendo a situação fiscal. Nesse cenário, os pós-fixados continuam mais indicados. Além de pagarem um retorno alto, o investidor consegue manter uma boa liquidez”, diz.

A opinião é compartilhada por Wilson Barcellos, CEO da Azimut Brasil Wealth Management. “Se tiver que escolher um investimento, o CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro) [benchmark que baliza o rendimento de aplicações pós-fixadas] parece ter a melhor relação risco/retorno no curto prazo”, afirma.

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Segundo ele, os títulos atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de média duração também entram como uma boa opção. “Não me lembro de qual foi a última vez, no passado recente, que vi retornos tão atraentes nestes papéis. Mas entendemos que apesar do cupom elevado há riscos nesta aposta”, pondera.

Alexandre Brito, sócio e gestor da Finacap Investimentos, concorda que investir em títulos públicos de inflação faz sentido no cenário atual. “O Tesouro IPCA+ tem oferecido taxas de 6% ao ano acima do IPCA”, afirma.

O Tesouro Direto é considerado o investimento mais seguro do ponto de vista de risco de crédito, pois é emitido pelo governo federal. Para aqueles que aceitam correr um pouco mais de risco, é possível encontrar retornos superiores a 7% ao ano acima da inflação nos títulos emitidos por bancos, como Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs).

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Nesse caso, o gestor da Finacap aconselha que o investidor respeite as condições do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que funciona como um seguro para aplicações de até R$ 250 mil por CPF em caso de calote do emissor do papel.

Aliás, quando se trata de renda fixa, o cuidado com o risco de crédito deve ser uma prioridade. Como a garantia do FGC não cobre todos os tipos de aplicações, é preciso fazer uma avaliação antes de realizar o investimento. “É sempre importante estudar a qualidade do emissor. Lembre-se de que uma operação de renda fixa é como um empréstimo que você faz a um terceiro. Por isso é fundamental saber para quem você está emprestando seu dinheiro”, afirma Luigi Wis, da Genial.

Segundo ele, se for investir em títulos que não possuem a garantia do FGC, como Debêntures e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRIs), é importante selecionar empresas de qualidade, com Rating (nota de crédito) AAA e pulverizar as aplicações entre vários emissores. “Desta forma, se acontecer um default (calote) na carteira, o impacto será pequeno”, explica.

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