Governo deixa anúncio de pacote de corte de gastos para a próxima semana e pressiona Haddad

Rodada de reuniões ao longo da semana com ministros das áreas que seriam alvo de medidas turbinou resistências, levando ao risco de desidratação do pacote esperado para reequilibrar contas públicas

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Célia Froufe
Foto do author Caio Spechoto
Atualização:

BRASÍLIA - O governo Lula adiou o anúncio do pacote de medidas de corte de gastos para reequilibrar as contas públicas, que enfrenta resistências na Esplanada e pode ser desidratado. A reunião ministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira, 7, sobre o pacote terminou sem qualquer anúncio.

De acordo com a assessoria de imprensa da Presidência, o encontro, que começou às 15h, foi finalizado pouco antes das 18h30 e não há perspectivas de entrevistas sobre o tema ainda nesta sexta. Também não foi divulgado se novas reuniões serão retomadas na semana que vem.

Haddad tenta convencer Lula sobre pacote de corte de gastos, mas ministros de áreas-alvo mostram resistências. Foto: Wilton Junior/Estadão

PUBLICIDADE

Um pouco antes, o Ministério da Fazenda informou que o titular da Pasta, Fernando Haddad, já havia saído do encontro e estava a caminho da base aérea de Brasília para embarcar para São Paulo, às 19 horas.

Havia a expectativa de que o pacote de medidas para cortar despesas e reequilibrar as contas públicas, dando uma sobrevida ao arcabouço fiscal, fosse anunciado ainda esta semana. Na segunda-feira, Haddad afirmou que o governo estava na “reta final” de ajustes.

No entanto, a rodada de reuniões ao longo da semana com ministros das áreas que seriam alvo das medidas turbinou as resistências, levando ao risco de desidratação do pacote elaborado pela equipe econômica.

Publicidade

A demora no anúncio preocupa o mercado financeiro, que teme que sobrevivam apenas medidas de “pente-fino” em detrimento de mudanças estruturais que ajudem a controlar a trajetória da dívida pública. O aumento da percepção de risco e alta do dólar, que na semana passada fechou no segundo maior nível da história, pressionaram o governo, que marcou a rodada de reuniões.

Como mostrou o Estadão, no Ministério da Fazenda, Haddad ainda não se deu por vencido. A interlocutores, tem dito que é preciso esperar “o fim da história”, para saber quem vai levar a disputa política interna.

Estiveram presentes na reunião desta sexta, segundo o Palácio do Planalto, os seguintes ministros:

  • Geraldo Alckmin, Vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
  • Rui Costa, ministro da Casa Civil
  • Fernando Haddad, ministro da Fazenda
  • Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego
  • Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento
  • Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social
  • Camilo Santana, ministro da Educação
  • Nísia Trindade, ministra da Saúde
  • Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos
  • Jorge Messias, Advogado-Geral da União

‘Tropa de choque’ da Fazenda

Haddad acionou nesta sexta a “tropa de choque” quase completa de sua pasta para a reunião ministerial no Planalto com Lula.

Publicidade

Participaram com o ministro os secretários Dario Durigan (executivo), Guilherme Mello (Política Econômica), Robinson Barreirinhas (Receita Federal) e Marcos Pinto (Reformas Econômicas).

A primeira das reuniões ministeriais sobre cortes de gastos ocorreu na segunda-feira. Desde então, Haddad vinha sendo sempre acompanhado de Durigan e Mello.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.