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Insights de carreira com o headhunter mais influente do Brasil e um estudioso dos hábitos, comportamentos e habilidades que levaram os maiores líderes ao seu lugar de potência

O erro que todos cometem ao falar de liderança – e como corrigir

Talvez o ingrediente para uma equipe de alto desempenho não esteja apenas na figura do líder e algo esteja passando despercebido nos bastidores

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Foto do author Ricardo Basaglia

O que torna equipes bem-sucedidas? No ambiente corporativo, é fácil ficar de olho apenas nas lideranças que se destacam, nos executivos carismáticos e naqueles mais visionários. Mas será que estamos olhando para o lugar certo? Talvez o ingrediente para uma equipe de alto desempenho não esteja apenas na figura do líder e algo esteja passando despercebido nos bastidores.

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Olhando em retrospecto, desde a Antiguidade, desde os tempos antigos, os líderes que deixaram um legado duradouro foram aqueles que entenderam o valor de seus subordinados. Mesmo em monarquias ou regimes mais autocráticos, os governantes sempre se valeram de conselheiros que compartilhavam a missão e a visão do líder.

Com o advento da era industrial, a liderança passou a ser vista como fator determinante para a eficiência e o controle de grandes massas de trabalhadores. Modelos de liderança como o de Henry Ford eram baseados em uma hierarquia rígida; o líder detinha o poder absoluto e os trabalhadores executavam tarefas repetitivas. O foco estava no resultado final, mais do que nas pessoas envolvidas no processo. Entretanto, com o surgimento das empresas tecnológicas no final do século, essa visão começou a mudar. A inovação e a colaboração passaram a ser fatores cruciais para o sucesso empresarial.

No mundo corporativo atual, essa dinâmica se precisou se moldar, colocando as equipes no núcleo. Afinal, passamos a criar ainda mais consciência de que o sucesso sustentado sempre esteve relacionado à capacidade de formar equipes coesas, em que cada membro se sinta parte essencial do todo.

O que torna equipes bem-sucedidas? É fácil apontar apenas as lideranças que se destacam, mas será que estamos olhando para o lugar certo? Foto: cofficevit - stock.adobe.com

Um excelente exemplo de liderança colaborativa vem do mundo dos esportes. Reconhecido como um dos maiores jogadores de futebol americano de todos os tempos, Tom Brady é lembrado não apenas por seu talento como quarterback, mas também por ser um excelente colega de time. Talento que o fez liderar suas equipes em direção à vitória ao longo de mais de duas décadas.

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Para Brady, o sucesso no campo não se resumia ao seu desempenho individual. O que tornava um jogador excepcional era sua capacidade de construir e liderar uma equipe coesa, nas quais cada jogador, desde as estrelas até os menos reconhecidos, se sentia valorizado e motivado a dar o seu melhor.

Como ele próprio exemplificou inúmeras vezes, desde sua época na Universidade de Michigan até os dias de glória na NFL, a liderança vai além do desempenho pessoal – trata-se de fazer com que todos ao seu redor se sintam parte de algo maior. Prática que reflete um princípio fundamental de liderança: o time é maior que o indivíduo.

Eu mesmo tive essas lições reforçadas, graças ao privilégio de conviver com o Bernardinho nos últimos cinco anos, desde que lançamos nossa imersão de gestão de pessoas, voltada a executivos e empreendedores. Esse lendário ex-jogador e técnico de voleibol sempre destacou que grandes líderes começam sendo grandes membros da equipe.

Assim como Brady, Bernardinho acredita que, para liderar, é necessário, antes de tudo, entender o valor do coletivo. Isso inclui reconhecer o esforço de cada integrante e criar uma cultura de colaboração — o que significa que o time vem antes do ego individual.

Anualmente, a Gallup elabora um relatório global, chamado “State of the Global Workplace”. A versão mais recente da pesquisa, feita em 2024, reforça que nem todas as empresas começaram demonstrando bons índices de engajamento dos colaboradores. No entanto, conforme a liderança interna e a coesão entre os times foi sendo reforçada, o engajamento teve um salto de 70% em relação aos números iniciais.

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Como Tom Brady exemplificou ao longo de sua carreira, a grandeza de um líder começa com sua capacidade de ser um grande colega de trabalho. Mas o que fazer para se tornar um colega de equipe tão inspirador quanto ele? Estas são algumas práticas comuns, tanto para quem já é lider quanto para quem deseja ser um colega de trabalho inspirador e vir a se tornar líder:

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  • Seja altruísta: Bons colegas de trabalho não buscam os holofotes. Eles compartilham o crédito e se importam mais com o sucesso do time do que com o próprio reconhecimento. Eles entendem que o verdadeiro estrelato está no sucesso coletivo. Como Brady demonstrou ao longo de sua carreira, colocar o time em primeiro lugar é o que constrói a confiança e a coesão necessárias para alcançar grandes feitos.
  • Trabalhe duro: A ética de trabalho é contagiosa. Quando um colega se dedica ao máximo, ele eleva o padrão de toda a equipe. Brady sempre foi conhecido por sua dedicação incansável ao treinamento, à preparação e ao estudo do jogo. Ele liderava pelo exemplo, mostrando que o trabalho árduo é fundamental para o sucesso tanto individual quanto coletivo.
  • Dê apoio: Bons colegas de trabalho e líderes inspiradores torcem pelo sucesso de todos, independentemente da posição ou do papel que desempenham. No futebol americano, Brady fez questão de valorizar os jogadores que muitas vezes não recebiam reconhecimento, como os bloqueadores e defensores. No ambiente corporativo, esse princípio se traduz em reconhecer e valorizar o trabalho daqueles que estão nos bastidores, mas que são fundamentais para o sucesso da organização.
  • Evite o drama: Manter a equipe unida e focada é fundamental. Não traga negatividade ou distrações para o ambiente de trabalho. Brady era conhecido pela capacidade de manter o foco em meio à pressão, criando uma cultura onde o drama e a negatividade não tinham espaço. Ele estabeleceu padrões altos de comportamento, inspirando seus colegas a fazerem o mesmo.
  • Compita de forma saudável: excelentes jogadores competem todos os dias, elevando os padrões e ajudando a equipe a alcançar novos níveis de excelência. Para Brady, cada treino era uma oportunidade de melhorar, e ele esperava o mesmo de seus companheiros. Essa mentalidade de competição saudável cria uma cultura de excelência contínua.
  • Combine talento com caráter: Talento é importante, mas, sem caráter, ele perde o valor. Grandes profissionais são aqueles que mantêm seus princípios e valores, independentemente de sua posição ou sucesso. Brady sempre combinou talento com um forte senso de responsabilidade e integridade, liderando com exemplo e humildade.
  • Acredite na equipe: Quando as coisas não saem como planejado, grandes colegas de trabalho mantêm a fé no time e inspiram os outros a continuar lutando. Eles são o elo que mantém a equipe coesa nos momentos difíceis. Brady era conhecido por seu otimismo inabalável e por sua capacidade de motivar sua equipe, mesmo quando as chances pareciam estar contra eles.

No mundo corporativo, muitos aspiram chegar à liderança sem nem ao menos entender a importância de ser um colega de trabalho exemplar. Mas a verdade é que os melhores líderes não são aqueles que chegam ao topo sozinhos, e sim aqueles que se elevam junto com sua equipe. Então, da próxima vez que você pensar em liderança, pergunte a si mesmo: estou sendo o melhor colega de trabalho possível?

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