Estive nesta semana visitando a Expodireto, feira agropecuária realizada na pequenina cidade de Não-Me-Toque (RS) pela grande cooperativa Cotrijal.
Fiquei muito impressionado com alguns fatores. O primeiro, disparado, é a quantidade e a qualidade das tecnologias inovadoras recém-criadas em todas as áreas do conhecimento para o campo: máquinas e equipamentos agrícolas sofisticados com computadores de bordo que otimizam o tempo de trabalho, minimizando deslocamentos e reduzindo o consumo de combustíveis; bioinsumos diversos, desde inseticidas biológicos até fertilizantes compostos; ferramentas de gestão digital criadas por startups que permitem controles muito mais rigorosos de custos, estoques e a própria contabilidade; enfim, um sem-número de novidades que exigem do produtor rural um grau de conhecimento especializado que não era necessário há 10 anos.
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Outra coisa: muitos jovens curiosos olhando tudo e perguntando a todos. Rapazes e moças bem-informados, confirmando a teoria de que hoje em dia a sucessão no campo se dá via estudo e aperfeiçoamento: não tem espaço para amadorismo e achismo.
Não tive oportunidade de ver no mês passado a feira de Cascavel (PR), organizada por outra grande cooperativa, a Copavel. Mas as notícias são na mesma direção: milhares de produtores profissionais buscando a última palavra em tecnologia, sobretudo na incorporação de TI. Logo acontecerá a feira de Rio Verde (GO), liderada por outra cooperativa, a Comigo.
Isso tudo nasceu com o exemplo da Agrishow, criada em 1994 com a parceria entre a Secretaria da Agricultura de São Paulo e a então recém-criada Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), presidida pelo saudoso Ney Bitencourt Araujo, que tanta falta nos faz. A primeira entrou com o local (a Estação Experimental de Ribeirão Preto, do Instituto Agronômico de Campinas). A segunda entrou com a operação e o financiamento da feira, visto que o Estado não tinha recursos nem flexibilidade para tocar o projeto. A Agrishow foi um ponto de inflexão da tecnologia para o agronegócio: os fabricantes de equipamentos e máquinas que não modernizaram seus produtos foram engolidos pelos concorrentes. Quem não investiu em tecnologia ficou “na estrada”.
Cada vez está mais claro que o valor da terra vai ficando menor relativamente aos investimentos em tecnologia; e que o conhecimento é a alavanca para o sucesso. E que as boas cooperativas são indispensáveis para a inovação chegar aos pequenos.
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