Sabesp deve emplacar 5ª maior oferta de ações do mundo em 2024

Captação da brasileira desbancaria a alemã Deutsche Telekon e se aproximaria da britânica Haleon, empresa de saúde ao consumidor, que captou mais de US$ 3,1 bi

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Foto do author Aline Bronzati
Atualização:

SÃO PAULO E NOVA YORK — Estimada em cerca de US$ 3 bilhões (em torno de R$ 16 bilhões), a privatização da Sabesp, lançada na última sexta-feira, 21, ao mercado, pode galgar o título de quinta maior oferta de ações do mundo este ano, conforme dados compilados pela americana Dealogic a pedido do Estadão/Broadcast, que levou em contas ofertas de empresas já listadas em bolsa.

Nesse patamar, a captação da brasileira desbancaria a alemã Deutsche Telekon e se aproximaria da britânica Haleon, empresa de saúde ao consumidor, que captou mais de US$ 3,1 bilhões, na quarta colocação entre as maiores ofertas.

Sabesp hoje é 50,3% do governo de São Paulo, que vai ficar com 18% da empresa. Foto: Márcio Fernandes/Estadão

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A maior oferta subsequente de ações do mundo neste ano, o chamado follow-on, no jargão de mercado, foi disparada a emplacada pela gigante árabe de petróleo Saudi Aramco, que levantou US$ 11,225 bilhões, no início do mês, na qual o governo saudita vendeu 0,64% das ações a investidores, segundo a Dealogic. No segundo lugar, está a da National Grid, uma empresa de transmissão e distribuição de energia do Reino Unido, que captou pouco mais de US$ 9 bilhões. Ambas as ofertas foram realizadas este mês.

Já o terceiro lugar está com a operação da Kenvue, o antigo braço de saúde ao consumidor da Johnson & Johnson, de US$ 3,646 bilhões, mostra o levantamento da Dealogic. Caso a oferta da Sabesp alcance os US$ 3 bilhões estimados pelo mercado, a operação poderia colocar o Brasil no seleto grupo das grandes ofertas de ações globais neste ano, em um 2024 de mercado mais fraco para ofertas no mercado brasileiro.

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Tarcísio nos EUA

Para mostrar a operação a investidores estrangeiros, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, está nos Estados Unidos esta semana e em seguida irá à Europa. Será uma série de reuniões, que querem alcançar o investidor estrangeiro interessado em Brasil e, mais especificamente, fundos dedicados ao setor de saneamento e infraestrutura. As apresentações (roadshows) ocorrem em cidades como Nova York, Boston e Londres.

A oferta da Sabesp terá duas partes, uma para escolher um investidor de referência, que terá 15% da empresa e pode movimentar R$ 7,5 bilhões. A outra, com 18% das ações, será para o varejo, incluindo pessoas físicas e funcionários da empresa de saneamento, também com a expectativa de movimentar R$ 7,5 bilhões.

O processo de escolha do investidor de referência começa já nesta segunda-feira, dia 24, com apresentação da documentação pelos interessados. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, os dois nomes interessados são a Aegea, do setor de saneamento e que já arrematou outras concessões pelo Brasil, e a empresa de energia Equatorial, que tem investido em saneamento nos últimos anos.

Cenário ‘complexo’

Na avaliação de um diretor de um banco norte-americano, o mercado de ações este ano no mundo está mais “complexo e desafiador”, por causa dos juros altos em várias partes do planeta, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Por isso, têm saído algumas operações importantes “em janelas”, sejam ofertas subsequentes, sejam aberturas de capital (IPO, em inglês), comenta este executivo. Como reflexo, tem acontecido menos transações, mas de valor maior. E muitas das transações são de companhias ligadas à economia real, como a Sabesp e a Saudi Aramco.

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A oferta da empresa de saneamento de São Paulo poderia ser ainda maior, rondando os US$ 4 bilhões, caso tivesse também um lote de ações de emissão primária, ou seja, da própria empresa para se financiar. Inicialmente se pensou em fazer uma tranche (divisão de contrato) assim, mas o governo e os bancos optaram por não fazer esta parte agora, por causa do mercado de ações mais desafiador, segundo uma fonte. Assim, toda a oferta da Sabesp será uma venda secundária, de papéis que estão com o governo do Estado de São Paulo, que hoje tem 50,3% da empresa e vai ficar com 18%.