RIO - A safra brasileira de grãos deve totalizar um recorde de 261,7 milhões de toneladas em 2022, 8,5 milhões de toneladas a mais que o desempenho de 2021, um aumento de 3,3%. Os dados são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de agosto, divulgado nesta quinta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado é 1,75 milhão de toneladas menor que o previsto no levantamento anterior, de julho, uma queda de 0,7%, puxada por uma estimativa mais baixa para o milho de segunda safra.
O Brasil deve colher menos soja este ano, mas as produções de trigo e milho têm previsão de alcançar novo ápice histórico. A produção de soja deve somar 118,8 milhões de toneladas, uma redução de 11,9% em relação ao produzido no ano passado. Já a produção nacional de milho foi estimada em 109,9 milhões de toneladas, com crescimento de 25,2% ante 2021. A lavoura de milho 1ª safra deve somar 25,8 milhões de toneladas, um aumento de 0,7% em relação a 2021. O milho 2ª safra deve totalizar 84,1 milhões de toneladas, aumento de 35,3% em relação a 2021.
A estimativa da produção do trigo foi de 9,7 milhões de toneladas, aumento de 24,1% em relação a 2021. A produção de arroz foi de 10,6 milhões de toneladas para 2022, queda de 8,5% em relação ao produzido no ano passado. O algodão herbáceo deve alcançar uma produção de 6,7 milhões de toneladas, um avanço de 15% ante 2021.
Os produtores brasileiros devem colher 73,0 milhões de hectares na safra agrícola de 2022, uma elevação de 6,5% em relação à área colhida em 2021. Em relação à estimativa de julho, a área a ser colhida cresceu 0,1%. O arroz, o milho e a soja são os três principais produtos da safra, que, somados, representam 91,5% da estimativa da produção e 87,1% da área a ser colhida.
Apesar do bom desempenho geral no campo em 2022, o rumo dos preços dos alimentos permanece dependente mais de questões conjunturais internacionais do que da colheita doméstica, avaliou Carlos Alfredo Guedes, gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE. Guedes lembrou que os custos de produção aumentaram, com fertilizantes e defensivos mais caros, como reflexo do câmbio e de problemas logísticos provocados pela pandemia de covid-19 e agravados pela guerra da Rússia na Ucrânia. O conflito também afetou a cotação de grãos no mercado internacional, como o trigo.
“Começaram a liberar exportação de trigo da Ucrânia para alguns países”, lembrou Guedes. “Diminuiu um pouco a pressão sobre os preços, mas ainda a gente depende muito de como vai ficar o desenrolar da guerra”, disse.
O gerente do IBGE afirma que os preços de grãos mostram alívio por ora, mas o valor futuro depende de futuras safras e do desenrolar das condições climáticas. Com preços atraentes, ele afirma que há uma tendência de aumento na área de soja plantada no Brasil na próxima safra, mas o rendimento vai depender do clima nas regiões produtoras.
“O milho, com essa safra recorde que entrou no mercado agora, baixou um pouco o preço. Os produtores estão até segurando um pouco os estoques, tanto de milho quanto de soja, aguardando melhorar preço”, contou Guedes.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.