O Santander Brasil registrou lucro líquido gerencial de R$ 3,12 bilhões no terceiro trimestre deste ano, queda de 28% em relação ao mesmo período de 2021. O resultado frustrou analistas, que já veem a possibilidade de revisar para baixo as previsões para os ganhos da instituição no fechamento do ano.
Nos dois períodos de comparação, pesaram as maiores provisões do banco contra a inadimplência, em um cenário de atrasos mais acentuados. A taxa de inadimplência entre julho e setembro de 2022 ficou em 3%, contra o índice de 2,4% do mesmo período do ano passado.
O maior índice de inadimplência foi na carteira de pessoas físicas, em que o índice de atrasos era de 4,3%, que teve uma elevação de 1 ponto porcentual em 12 meses. No fim do período, a carteira renegociada do Santander somou R$ 35,4 bilhões, alta de 54,6% em um ano.
O presidente do Santander Brasil, Mario Leão, afirmou que 2023 não deve ser “dramaticamente melhor” que este ano em termos de atividade econômica. Entretanto, se cumpridas as expectativas do mercado de queda da Selic a partir de meados do ano que vem, o consumidor deve voltar a gastar, o que se refletirá sobre o balanço do banco.
“Nossas carteiras vão começar a crescer mais. Mas isso não significa que vamos esperar para crescer”, disse ele, em teleconferência com analistas e investidores para comentar os resultados do banco no terceiro trimestre. Sobre as eleições, a instituição também disse não ver muita mudança de cenário em vitória de Lula ou de Bolsonaro.
Ativos e patrimônio
O Santander Brasil chegou a setembro com pouco mais de R$ 1 trilhão em ativos, alta de 3,8% em um ano, e de 2% em três meses. O banco comenta que o resultado se deu pelo crescimento da carteira de crédito, das aplicações interfinanceiras de liquidez e da carteira de câmbio.
No mesmo período, o patrimônio líquido da instituição chegava a R$ 81,1 bilhões, alta de 4,5% em um ano. O retorno sobre o patrimônio líquido médio do Santander porém, recuou: ficou em 15,6%, uma retração de 6,8 pontos porcentuais ante o mesmo intervalo de 2021, e de 5,2 pontos porcentuais em três meses. Esse é um dos índices mais acompanhados pelo mercado financeiro na avaliação da saúde de um banco.
No terceiro trimestre deste ano, o Santander Brasil fechou 16 agências, o que fez com que a rede física do banco caísse para 1.722 pontos. O banco tem consolidado os códigos de agências, o que, segundo os balanços anteriores, tem reduzido o número de postos físicos. O quadro de funcionários teve redução de 835 pessoas em relação ao segundo trimestre, para um total de 51,2 mil; em 12 meses, a alta é de 1,6 mil vagas.
‘Resultado fraco’
O BTG Pactual espera que os resultados do Santander Brasil no quarto trimestre também sejam pressionados por fatores como uma margem mais fraca com clientes. Diante disso, após os números do banco no terceiro trimestre, a expectativa é de um corte nas estimativas do mercado.
O ponto que mais chamou atenção da casa foi a queda da margem com clientes no comparativo trimestral. O “spread” (diferença entre o custo de captação do cliente e o valor cobrado do cliente) do Santander recuou em termos anuais para 10,7% diante da maior cautela do banco e da preferência por empréstimos garantidos, que costumam ter taxas de juros menores.
“Como resultado, apesar dos volumes maiores e de mais dias úteis, a margem gerencial com clientes caiu 1% em um trimestre e 17% em um ano”, diz o analista Eduardo Rosman.
Na inadimplência, o BTG destaca que houve alta tanto no segmento de pessoas físicas quanto em empresas, o que, no caso do Santander, inclui tanto as grandes quanto as de menor porte.
“Tudo dito, achamos que foi um resultado fraco, e a queda trimestral da margem com clientes foi um tema importante discutido na teleconferência”, pondera Rosman.
O BTG considera ainda que, junto com o Bradesco, o Santander deve ficar na ponta mais fraca dos resultados entre os quatro maiores bancos do País no terceiro trimestre deste ano, lista que também inclui o Itaú e o Banco do Brasil.
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