Scania vai operar apenas três dias por semana a partir de maio em razão da queda do mercado

A medida afetará 4,5 mil funcionários da empresa, incluindo o setor administrativo e o pessoal da produção

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Foto do author Cleide Silva
Atualização:

A Scania vai passar a operar somente três dias por semana a partir de maio, medida que ocorre pouco depois de a fabricante de caminhões e ônibus ter encerrado o segundo turno de trabalho na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A maioria das fabricantes de veículos pesados, assim como várias do setor de automóveis, estão adotando medidas de corte de produção em razão da queda das vendas.

Todos os 4,5 mil funcionários da empresa, incluindo pessoal da produção e administrativo, terão a jornada de trabalho reduzida sem alterações nos salários, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que comandou a assembleia na fábrica com os trabalhadores nesta terça-feira, 18.

Segundo sindicato, Scania não se comprometeu a não cortar o salário dos trabalhadores que terão suas cargas horárias modificadas Foto: Thomas Peter/Reuters

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A medida foi aprovada, pois, segundo o sindicato, é uma alternativa às demissões. Não há prazo determinado para a semana de três dias de trabalho, pois sua duração será avaliada mensalmente.

Também foi decidido que, em julho, haverá dez dias de férias coletivas apenas para o pessoal da produção (cerca de 3 mil funcionários), a partir do dia 10.

No fim de março, a Scania já tinha anunciado o encerramento do segundo turno de trabalho na unidade e os 200 funcionários dessa equipe foram realocados para o primeiro turno. A companhia também não renovou contratos de funcionários temporários.

Segundo o sindicato, os dias não trabalhados serão descontados do banco de horas, sem prejuízos aos salários dos funcionários. O vice-presidente da entidade, Carlos Caramelo, disse que as dificuldades enfrentadas no setor de caminhões “são reflexos da ausência de uma política industrial nacional e que é preciso cobrar também os governos estaduais e municipais”.

“Temos sentido reflexos da ausência de políticas específicas para o setor nos últimos anos. Precisamos de políticas públicas que diminuam o impacto ou que gerem, além de uma cobertura social, trabalho e renda”, afirmou Caramelo. “Tudo isso passa por incentivos à economia, com crédito, linhas de financiamento específicas e, em contrapartida, a garantia de emprego.”

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O sindicalista também criticou a manutenção da taxa de juros em 13,75% pelo Banco Central, alegando que os financiamentos ficam mais caros, o crédito mais difícil e os investimentos no País ficam travados.

Efeito dominó

Medidas de corte de produção motivadas pelo desaquecimento do mercado, e em alguns casos por falta de componentes, vêm se espalhando pelo setor automotivo desde o início de março e se intensificaram neste mês, em especial entre as fabricantes de caminhões e ônibus.

Entre os motivos da queda estão a falta de financiamento e a antecipação de compras ocorrida no fim do ano passado. Frotistas correram para adquirir veículos antes da mudança da legislação de emissões (para a chamada Euro 6) a partir deste ano. Com novas tecnologias para atender níveis mais rígidos de emissões, os preços subiram.

Nesse segmento, já anunciaram férias coletivas, lay-off (suspensão temporária de contratos) e suspensão de turnos as fabricantes de veículos pesados Volkswagen Caminhões e Ônibus (WVCO), Mercedes-Benz, Iveco e Volvo.

No segmento de automóveis ocorreram paralisações de produção total ou parcial em fábricas da Volkswagen, General Motors, Jeep e Hyundai.

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