O saldo do resultado do primeiro turno das eleições para o mercado financeiro foi positivo. E esse ânimo com um segundo turno entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) se traduziu no maior ganho diário para o principal índice da B3 desde abril de 2020, na apreciação do real e na queda dos juros futuros. A Bolsa subiu 5,54%, para 116.134 pontos. O dólar derreteu 4,09% e fechou a R$ 5,17.
Abriu apetite dos investidores o surpreendente desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de candidatos aliados ou simpatizantes ao governo nas disputas por assentos no Congresso e nas administrações estaduais.
A agenda liberal e reformista voltou a ganhar peso nas considerações dos investidores, com destaque para a ida de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o segundo turno no Estado de São Paulo com votação bem superior à de Fernando Haddad, do PT.
“As bolsas americanas, em recuperação hoje, abriram espaço para que o Ibovespa apresentasse movimento expressivo, após o resultado das eleições trazer viés positivo para os ativos de risco, principalmente para as empresas mistas e estatais”, diz Ariane Benedito, economista especializada em mercado de capitais.
Mercado vê incerteza menor
Segundo analistas, a formação de um Congresso mais inclinado à direita diminui temores de uma guinada heterodoxa na política econômica em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já Bolsonaro, se reeleito, verá sua base de apoio no Parlamento reforçada, em especial no Senado, e poderá avançar na agenda liberal.
“Parte das incertezas que o mercado tinha com as eleições parece ter se reduzido com a definição de alguns postos e principalmente do Congresso. Isso reduz a pressão sobre a nossa moeda”, afirma a economista Cristiane Oliveira, do Banco Ourinvest.
“Parte substancial do rali do real hoje é apenas um sinal de quão grande o risco eleitoral tem sido. Colocamos esse prêmio de risco entre 5% e 10%. Então, o real pode ir facilmente abaixo da barreira de R$ 5 assim que as eleições terminarem”, escreveu no Twitter o economista-chefe do Instituto Finanças internacionais (IIF), Robin Brooks.
“Houve uma sequência de notícias boas do exterior hoje que acabaram ajudando os ativos brasileiros. Mas a eleição teve um peso grande. Está claro que o real está posicionado para ter um desempenho melhor que outras moedas nesse clima ainda de muita incerteza no exterior”, afirma o chefe da área de investimentos da gestora Alphatree Capital, Rodrigo Jolig.
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