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Selic: saiba qual é a expectativa do mercado em relação ao rumo da taxa de juros

Para analistas, possível mudança nas metas de inflação deve mudar a trajetória da política monetária

Por Italo Bertão Filho e Daniel Tozzi
Atualização:

São Paulo - O mercado financeiro é unânime na aposta de que a Selic, a taxa básica de juros da economia, será mantida em 13,75% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que tem início nesta terça-feira, 2, e termina amanhã. Mas a avaliação é que possíveis alterações na meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), além do nível de desaceleração econômica e do processo de redução da inflação já em curso, poderão mudar a trajetória da política monetária do País à frente.

Mercado é unânime na aposta de que a Selic será mantida na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do BC Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A maioria (74%) das 42 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast prevê início do ciclo de cortes da Selic ainda este ano. Seis delas (14%) projetam redução da taxa no segundo trimestre deste ano, 19 (45%) no terceiro e seis (14%) no quarto. Outras onze instituições esperam cortes só em 2024: nove (21%) no primeiro trimestre do ano e seis no segundo (6%).

A mediana das projeções agora indica juros em 12,5% no fim de 2023, nível menor que os 12,75% apurados no levantamento realizado após a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de março. A estimativa intermediária para o fim de 2024 se manteve em 10%, e, para o fim de 2025, subiu de 8,88% para 9%.

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O C6 Bank antecipou recentemente a projeção de início dos cortes na taxa Selic do primeiro trimestre de 2024 para o terceiro trimestre deste ano. De acordo com Claudia Moreno, economista da instituição, a antecipação se deve à perspectiva de que as metas de inflação de 2024, 2025 e 2026 serão alteradas na reunião de junho do CMN, de 3% para 4,5%. “O governo tem enfatizado que quer ver cortes na Selic e já falou algumas vezes que uma meta de 3% é baixa para o País”, diz.

Na avaliação de Moreno, portanto, a antecipação do ciclo de cortes decorre apenas da mudança da meta, sem qualquer relação com a apresentação do arcabouço fiscal ou com o ritmo da inflação corrente. “Como a meta a ser perseguida vai ser a de 4,5%, haverá espaço para os cortes agora, de acordo com o modelo que o Banco Central utiliza para os juros”, avalia.

Para a economista, a mudança de meta não deve trazer desancoragem para as expectativas de inflação no longo prazo, que podem até se elevar, mas não a ponto de atingir o teto do novo nível de inflação a ser perseguido. “Mas claro que existe esse risco. Caso essas expectativas subam mais do que a meta, pode ser que o BC não tenha espaço para cortar.”

Na projeção do C6, a Selic deve se manter estável nas reuniões de maio, junho e agosto do Copom, com um corte de 0,25 ponto porcentual em setembro, seguido de cortes de 0,50 ponto a cada reunião até maio de 2024. A taxa básica de juros encerraria 2023 em 12,5% e 2024 em 11%.

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O economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, por sua vez, espera o começo do ciclo de cortes na reunião de junho, com uma queda de 0,25 ponto porcentual, a 13,5%. Para ele, há um processo de desinflação em curso que não pode ser ignorado pela autoridade monetária. “Temos um cenário desafiador, só que há uma melhora tímida, mas contínua, dos indicadores qualitativos de inflação”, afirma o economista, que vê os argumentos da autoridade monetária para manutenção da taxa em 13,75% como “escassos”, tendo em vista o nível de desaceleração da atividade econômica contratado para o ano.

“Cortando a Selic já em junho, a taxa de juros continuará suficientemente elevada até o fim do ano para conduzir o processo de desinflação”, afirma Galhardo. O economista acredita que o BC poderia começar a cortar a Selic, no máximo, em agosto, sem novas postergações do começo do ciclo de cortes. “Não tem cabimento termos a taxa real mais alta do mundo neste momento. É um remédio muito forte e muito potente: vamos colocar a taxa de desemprego em qual patamar?”, questiona o economista.

Galhardo espera também uma mudança na meta de inflação em junho, com manutenção do alvo em 3,25% para 2023 e elevação da meta fixada para 2024 de 3% para 3,5%, com aumento também das bandas, de 1,5 ponto porcentual para 2 pontos. “As bandas servem para encaixarmos os contratempos de trajetória. Temos de fazer essa alteração para termos uma meta que seja crível”, avalia.

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