Senado aprova projeto que muda salário mínimo e BPC e conclui votação de pacote fiscal de Haddad

Congresso promulga PEC que integra o conjunto de medidas de corte de gastos; parlamentares afrouxaram propostas enviadas pela equipe econômica

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Atualização:

BRASÍLIA – O Senado aprovou, nesta sexta-feira, 20, o projeto que limita o ganho do salário mínimo a partir de 2025 e as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. Foram 42 votos favoráveis e 31 contrários. O texto vai à sanção presidencial.

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Em seguida, o Congresso promulgou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que também faz parte do pacote, que mexe no no abono salarial, no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e nos supersalários do funcionalismo público. Ontem, os senadores derrubaram uma alteração feita pelos deputados, rejeitando a possibilidade de uso de recursos do Fundeb para a merenda escolar.

Com isso, os parlamentares concluíram a votação dos três projetos do pacote de corte de gastos apresentado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa extraordinária para votar projeto do pacote de corte de gastos. Na foto, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O pacote foi desidratado em relação à versão original elaborada pela equipe econômica, chefiada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda na Câmara. O governo concordou com as mudanças para não perder o pacote, mas só conseguiu aprovar as medidas após pagar emendas parlamentares, recursos indicados por deputados e senadores no Orçamento da União para seus redutos eleitorais.

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Ao apresentar as propostas, o governo anunciou uma economia de R$ 71,9 bilhões até o término do mandato de Lula, em 2026. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, as mudanças feitas pelos parlamentares terão impacto de cerca de R$ 1 bilhão em dois anos. O número, porém, ainda é questionado por especialistas e pelo próprio Congresso em função da incerteza sobre o efeito de algumas alterações feitas no Legislativo.

A principal mudança está no salário mínimo. Hoje, o valor é reajustado conforme a inflação do ano anterior e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Agora, haverá aumento garantido de 0,6% ao ano acima da inflação, independentemente do PIB, mas com limite de aumento de 2,5%. A ideia é controlar o crescimento das despesas atreladas ao salário mínimo, incluindo benefícios previdenciários, com o mesmo teto do arcabouço fiscal.

O texto foi flexibilizado para evitar que pessoas percam o direito ao Benefício de Prestação Continuada (leia mais sobre as mudanças). O Congresso rejeitou a definição de “pessoa com deficiência” proposta no projeto do governo e retomou o conceito original da lei que regulamenta o BPC. Além disso, excluiu a regra que impedia o acúmulo de benefícios em uma mesma família e que incluíam bens da pessoa na avaliação para ter acesso ao auxílio.

O pacote do governo exige biometria e um recadastramento para a manutenção do benefício. Nesse sentido, houve outra mudança no texto. Uma pessoa que mora em local de difícil acesso não terá o pagamento cancelado se não fizer a biometria. O governo terá de promover as condições de ir até o beneficiário e fazer o procedimento.

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No Senado, o governo correu o risco de ter o projeto novamente alterado – o que exigiria uma nova votação na Câmara. Os senadores se levantaram contra a regra que restringia o BPC a pessoas com deficiência de grau moderado ou grave. O trecho abria margem para negativa do benefício a pessoas com deficiência de grau leve, como ocorre em alguns casos de autismo e síndrome de Down. Foi feito um acordo e o Palácio do Planalto se comprometeu a vetar o dispositivo.

“Na hora de ajustar as contas, seriam essas pessoas que o governo deveria ajudar, e não sacrificar”, afirmou a senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), que é tetraplégica. “Esse ‘leve’ não é leve. É muito pesado. Esse valor faz diferença entre a vida e a miséria.”

O relator do projeto, Rogério Carvalho (PT-SE), que também é uma pessoa com deficiência devido à visão monocular, defendeu o projeto do governo, afirmando que era preciso dar regras específicas para a concessão do benefício a quem realmente precisa.

“O que estamos discutindo aqui é de que maneira o governo vai garantir para todos que precisarem ter acesso a este benefício e, para ter acesso a este benefício, o governo precisa ser preciso, considerando os aspectos biopsicossociais”, declarou o relator.

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O projeto, assim como a lei complementar que aumenta os gatilhos do arcabouço fiscal para contenção de gastos, dependerá agora de sanção do presidente Lula.

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