Senadores querem corpo a corpo com Galípolo para falar sobre juro antes de sabatina

Apesar da preferência do governo pela primeira semana de setembro, senadores fazem questão do ‘beija-mão’, reuniões com os parlamentares para pedir voto - e ouvir queixas sobre o juro

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BRASÍLIA - Senadores querem um tempo maior até que o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, seja sabatinado, para terem como registrar os encontros com o futuro presidente da instituição e apresentar análises que têm sobre como deve ser feita a coordenação da política de juros, segundo relatos apresentados ao Estadão/Broadcast. Largamente aguardado para ser indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo, Galípolo teve sua indicação confirmada nesta quarta-feira, 28. O anúncio foi feito pelo ministro da Fazenda e seu “padrinho” no governo, Fernando Haddad.

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O clima dentro da Casa é o de que Galípolo não encontrará resistência para o novo posto porque, desde que ainda estava no Ministério da Fazenda, como secretário-executivo, sempre atendeu prontamente aos congressistas. Ele também foi muito elogiado quando postulava a vaga da diretoria que ocupa agora. De acordo com as fontes, todos conhecem Galípolo. Alguns, no entanto, querem aproveitar para registrar encontros nas redes sociais e defender a queda da Selic. O diretor chegou a comentar outro dia que não é raro receber sugestões sobre a política de juros em aeroportos, em aviões e no elevador.

O governo gostaria que a sabatina fosse realizada já na próxima terça-feira, dia 3. A estratégia é a de, quanto mais cedo for realizada, menos vulnerável Galípolo e o governo ficarão à espera da confirmação no cargo. Já a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, responsável pela sabatina, sugeriu que o encontro fosse realizado uma semana depois, no dia 10, conforme fontes informaram o Estadão/Broadcast.

O governo teve de negociar com o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para definir a sabatina na Casa Foto: Wilton Junior/Estadao

O presidente da CAE, Vanderlan Cardoso, vinha se manifestando de forma mais enfática contra a análise da indicação de Galípolo na semana que vem. Chegou a dizer, na manhã de terça-feira, 27, que havia “zero chance” de isso acontecer. O motivo para essa insatisfação, no entanto, era outro. O senador não gostou que o governo não o procurou para tratar de outra proposta, um projeto de decreto legislativo que trata da regulamentação de clubes de tiro em todo o País.

Na tarde de terça-feira, 27, porém, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), procurou Vanderlan e se comprometeu com a edição de um novo decreto por parte do presidente Lula para substituir o ato que causou resistências na oposição. Foi a partir deste acordo que o presidente da CAE decidiu ajudar o governo com a sabatina de Galípolo.

Quando será a sabatina

A assessoria de imprensa da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), sob a chefia de Alexandre Padilha, confirmou que a data da sabatina no Senado deve ocorrer na semana do dia 9 de setembro. Segundo a assessoria, houve uma sinalização do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para que a votação seja realizada na semana.

De acordo com a SRI, a cúpula do governo conversou na terça-feira, 27, com Pacheco, e o senador sinalizou que irá marcar a sabatina no novo período de esforço concentrado do Congresso, prevista para a segunda semana de setembro. Ao que tudo indica, segundo a assessoria de imprensa, a votação sobre a indicação de Galípolo deve ser na mesma semana.

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Como mostrou o Estadão/Broadcast Político, o presidente da CAE do Senado sugeriu a interlocutores do governo nos últimos dias que a sabatina seja realizada no dia 10 de setembro para que Galípolo possa se dedicar, no fim desta semana e ao longo da próxima, ao que se chama de “beija-mão” — reuniões com os parlamentares para pedir voto e apresentar suas credenciais.

Cabe a Vanderlan Cardoso, enquanto presidente da CAE, marcar a sabatina de Galípolo na comissão. Somente depois desta etapa é que a indicação pode ser votada no plenário do Senado. Apesar dessa sugestão ao governo, ainda não há uma definição sobre a data para a sessão da CAE.

Os mandatos do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e dos diretores de Regulação e Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta terminam em 31 de dezembro. Com a escolha de Galípolo, o governo também terá de indicar um novo diretor de Política Monetária.

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