Sequestro da agenda do pacote fiscal por isenção do IR foi um tiro no pé, diz Salto

Especialista em contas públicas avalia que o governo ‘perdeu uma oportunidade de diminuir mais fortemente a temperatura

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O economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, especialista em contas públicas, avalia que o pacote fiscal anunciado nesta noite de quarta-feira, 27, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contém medidas na direção correta, mas insuficientes para alcançar o equilíbrio fiscal. Ele afirma ainda que o sequestro de protagonismo do plano de contenção de gastos pela agenda de isenção do Imposto de Renda (IR) foi “um tiro no pé”.

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Haddad anunciou, em pronunciamento em cadeia de rádio e TV, isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil e aumento na tributação para os salários acima de R$ 50 mil.

“Todos à espera de ajuste fiscal, e então nasce com ele uma proposta de mais isenções. Ruim, sem dúvida. A ver como será desenhada a compensação”, afirma. “E mais: se o Congresso não vai deixar só a parte boa e limar a ruim.”

'Faltaram força e intensidade', diz Salto Foto: Divulgação/Warren


O ministro também anunciou que, em caso de déficit primário (saldo negativo entre despesas e arrecadação tributária de um governo, sem contar juros da dívida pública e correção monetária), fica proibida a criação, a ampliação ou a prorrogação de benefício tributário. Para Salto, a regra é boa, mas limitada.

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“Deveriam ter ido além, cortando muitos benefícios que não fazem o menor sentido e custam uma fábula. Faltaram força e intensidade”, enfatiza.

Sobre a possibilidade de o dólar romper a marca de R$ 6 — após fechar esta quinta-feira, 27, no maior nível nominal da história do real, de R$ 5,9135 —, Salto avalia que a moeda americana não deve chegar a esse nível. “Há muita gordura. Mas se perdeu uma oportunidade de diminuir mais fortemente a temperatura”, diz o economista.

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