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Setor público brasileiro ainda gera preocupação em relação à adoção de práticas ESG

Há no Brasil métodos bem-sucedidos, mas cultura de insegurança jurídica e de falta de compromisso com cumprimento das leis ainda atrapalha a adoção de uma agenda mais assertiva

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Por Eduardo Geraque

Ilhas de excelência desconectadas do todo que não reforçam a preocupação com um plano estratégico de ação. Esse é diagnóstico do setor público brasileiro que foi apresentado pela consultora Claudia Pitta, durante o Summit Estadão ESG 2023. “Pela nossa escala metodológica, não existe nada que esteja muito maduro”, afirma a sócia-fundadora da Evolure Consultoria.

Em razão principalmente da cultura que existe no Brasil, em um contexto de insegurança jurídica e de falta de compromisso com o cumprimento das leis, que Claudia afirma estar muito mais preocupada do que otimista. “Claro que existem bons exemplos, como o caso de Salvador que criou um programa de integridade na Secretaria da Fazenda municipal no nível de muitos que existem no setor privado”, afirma a consultora. Com isso, houve redução dos casos de corrupção e a arrecadação aumentou. “Eles criaram, por exemplo, um canal de denúncia independente.”

Claudia Pitta, da Evolure: ‘Nada está maduro’ no setor público.  Foto: Marcelo Chello/Estadão

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Rodrigo Gaspar, diretor de Novos Negócios do Sistema B no Brasil, também faz ressalvas, mas tem uma visão um pouco mais otimista. Segundo ele, já existe uma mudança de cultura dentro de alguns entes governamentais brasileiros, assim como ocorre em outros países, casos dos Estados Unidos, ou de blocos geopolíticos, como a Comunidade Europeia. Nesses dois casos, há vários exemplos de legislações voltadas para aumentar os impactos positivos do Estado em termos ambientais, sociais e de governança.

“Podemos citar os casos de estados como Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro que já montaram normas legais para melhorar algumas práticas, como a das compras públicas”, atesta Gaspar.

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O que não significa, segundo o executivo do Sistema B no Brasil, que o sinal de alerta não deva estar ligado. “Não basta apenas seguir as legislações no âmbito do ESG. É preciso entender que o impacto positivo precisa ter um compromisso real com a regeneração”, diz o especialista, fazendo referência a chamada economia da regeneração, onde a ideia básica é focar também em como gerar impactos positivos para a humanidade e para o planeta, além de repassar os lucros para os acionistas do grupo. “A criação de consciência já é real, mas a situação também é preocupante porque já estamos no prejuízo (em relação às contas que precisam ser acertadas com o planeta)”, atesta Gaspar.

Leis

Da porta para dentro, seja de organizações do setor público ou privado, afirma Claudia, outra mudança de paradigma precisa ocorrer. “Não adianta trabalhar só uma determinada empresa. É preciso olhar para toda a cadeia. No caso do Brasil, por exemplo, grande parte das emissões estão atreladas ao desmatamento ilegal. Ou seja, é uma questão de respeitar as leis que existem. O nosso problema não é falta de legislação, mas de cumprimento delas”, explica a consultora.

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