Merrill Lynch faz guia para ensinar ricos como gastar

Orientações, que foram pensadas para os clientes mais abastados, podem ajudar quem tem orçamento apertado

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Por Paul Sullivan
Atualização:

Se você está preocupado com suas faturas de cartão de crédito por causa do fim de ano, não está sozinho: mesmo os americanos mais ricos estão preocupados com seus gastos. Um documento que circula entre o setor de private banking e o grupo de investimento do Merrill Lynch, que será lançado nos próximos meses, é um guia que visa a ajudar o orçamento de clientes ricos do Merrill, e todas as outras pessoas.

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Chamado “Considerações para a tomada de decisões em relação às despesas”, ele foi desenvolvido depois que um cliente rico manifestou suas preocupações.

“Dado seu patrimônio líquido, fluxo de caixa e base de ativos, ele poderia mais do que se permitir férias”, disse Valerie Galinskaya, diretora do Centro para Dinâmica e Governança da Riqueza Familiar do grupo de investimentos do Merrill.

Para Valerie Galinskaya, doMerrill Lynch, ideia é tornar o processo mais interativo Foto: Jeenah Moon/The New York Times

Não era uma questão do que eu posso pagar, mas como eu deveria gastar?”, disse Valerie. “Qual é a quantia certa para gastar e como você comunica isso à família? Nosso objetivo é tornar o processo interativo e fortalecedor.”

Um cético perguntaria como um bilionário poderia ter problemas financeiros. A resposta é que provavelmente não é possível dissipar uma fortuna por gastos excessivos em bugigangas.

Mas, disse Stacy Allred, diretora administrativa do grupo, essa provavelmente não é a melhor maneira de encarar a situação. “Não é só porque você pode que você deveria” gastar livremente, afirmou.

O medo, afinal, sustenta as preocupações em torno dos gastos. As pessoas que ganharam o dinheiro se preocupam com o fato de que as gerações subsequentes possam esbanjá-lo. O guia propõe estruturas para analisar gastos que também podem ser aplicadas aos não tão ricos.

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O texto define os tipos de gastos: despesas de estilo de vida, como viagens, carros e vinho; presentes financeiros a amigos e familiares; contribuições de caridade; e impostos. Ele analisa não só as compras por impulso, mas todos os gastos, voluntários ou involuntários: as grandes despesas, como a hipoteca da casa e seguro, e os custos não tão regulares, como manutenção, reparos e reformas.

De certa forma, os planos de gastos descritos poderiam ser comparados a uma dieta. Eles traçam um plano mais viável, com explicações sobre as consequências dos lanchinhos noturnos. “O que estamos tentando fazer é ajudar as famílias a tomar decisões conscientes”, disse Stacy. “É muito importante que haja algum rigor em torno disso.”

Os gastos influenciam a quantidade de riqueza que alguém tem. Isso parece óbvio, mas para tornar as consequências aparentes, o guia pede que as pessoas pensem sobre o que querem que aconteça com o dinheiro que acumularam.

Existem só quatro opções: gastá-lo, mantê-lo no nível atual, preservar seu poder de compra mantendo seu valor de acordo com a inflação ou investi-lo para que aumente o máximo possível.

Segundo Stacy, a riqueza sempre em crescimento, enquanto se gasta pesadamente, é difícil sem que haja fontes adicionais de renda. Se uma carteira cresce 5% ao ano, por exemplo, mas a inflação é de 3% e os impostos são 2%, não há muito espaço para gastar se quiser que o patrimônio líquido cresça.

Uma das técnicas recomendadas na hora de decidir por uma compra é a chamada “visão retrospectiva prospectiva”, que leva as pessoas a imaginar como elas se sentiriam se a ação fosse positiva versus como elas se sentiriam se o mesmo ato tivesse consequências negativas.

“Tendemos a ser excessivamente otimistas e sofrer de viés de confirmação”, um termo da economia comportamental que significa que tendemos a acreditar mais no que acontece, se corresponder a uma crença anterior, explicou Stacy.

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Discussões sobre gastos certamente surgirão. Estabelecer diretrizes sobre como as pessoas de uma família podem gastar dinheiro pode evitar que as consequências se transformem em recriminações. “Decidir como decidir é importante”, disse Valerie. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

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