Ações da Petrobrás: foco no longo prazo

Muitos investidores que compraram ações da Petrobrás na operação de capitalização - por meio da qual a empresa levantou recursos para investir na exploração do petróleo da camada pré-sal - se perguntam se fizeram de fato um bom negócio.

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Atualização:

Isto porque as ações PN (preferenciais, sem direito a voto) da empresa continuam em queda mesmo depois de terminado o processo - em 24 de setembro as novas ações entraram no mercado.

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Para quem não se lembra, a capitalização foi marcada por muitas dúvidas desde seu anúncio, no começo do ano, o que derrubou o preço das ações na bolsa. A expectativa era a de que, confirmada a emissão das ações e finalizado o processo, os papéis voltariam a subir. Esqueceram de relacionar o efeito das eleições na análise. O resultado é que as ações da empresa perdem 28,2% desde janeiro.

Na semana passada, os papéis viveram um momento de recuperação - subiram 1,49% na segunda, 5,2% na terça e 1,31% na quarta. Mas fecharam na sexta-feira em queda de 1,56%, cotados a R$ 25,85.

Muitos analistas de finanças pessoais continuam apostando no papel como um bom formador de patrimônio de longo prazo. Como aspectos positivos destacam que as ações têm alta liquidez (ou seja, são facilmente compradas e vendidas), a empresa é sólida e é plenamente integrada em toda a cadeia do setor de energia (ganha em toda a cadeia petrolífera, que envolve exploração, produção, refino e distribuição de petróleo e derivados). Como fator negativo citam o excesso de interferência do sócio majoritário, o governo.

É neste ponto que reside o problema atual das ações da estatal. Uma boa empresa que, de acordo com a avaliação do mercado, foi usada politicamente nesta reta final das eleições presidenciais.

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Na semana passada, rumores de descoberta de reservas de petróleo de até 15 bilhões de barris no poço de Libra, na Bacia de Santos, agitaram o mercado e responderam pelas altas de segunda a quarta-feira. Depois, quando saiu a nota oficial da empresa, veio a frustração. Constatou-se que era uma notícia "requentada" e, pior, a diferença de 11,3 bilhões de barris entre a previsão pessimista (3,7 bilhões) e otimista (15 bilhões) foi difícil de engolir.

E agora? Continua valendo a análise de que o papel é uma boa alternativa de investimento de longo prazo. A ação deve acompanhar o desenvolvimento da companhia no decorrer dos anos de exploração da camada pré-sal. Ou seja, coisa para mais de dez anos, por isso a indicação de investimento para quem pensa em formar uma reserva financeira para o futuro.

Mas boa parte desta interpretação vai depender do rumo que a estatal tomar a partir de agora, passada a eleição. O investidor quer saber se a empresa vai conseguir tocar sua vida econômica ou se continuará à mercê das interferências políticas.

Denise Juliani

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