Shopee vira alvo na Justiça sob acusação de vender produtos piratas e nocivos ao consumidor

Entidades pedem que plataforma exclua ofertas e vendedores de mercadorias falsificadas e crie canais de reclamação e devolução de produtos, entre outras medidas; empresa não se pronunciou

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Foto do author Talita Nascimento

A Shopee tornou-se alvo de uma ação civil pública movida por três entidades que acusam a empresa de vender produtos falsificados e pedem que a plataforma seja obrigada a adequar suas atividades à legislação brasileira. A iniciativa partiu da Associação pela Indústria e Comércio Esportivo (Ápice), do Grupo de Proteção à Marca (BPG) e do Fórum Nacional Contra a Pirataria (FNCP) no final de abril.

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Na ação, os autores afirmam que no site de vendas online são disponibilizados produtos de origem ilegal, como tênis, óculos, bolsas, relógios, cosméticos, cabos elétricos, acessórios para automóveis e motocicletas, e até mesmo medicamentos de uso humano e veterinário, falsificados ou de alguma forma nocivos ao consumidor.

A petição inicial, de 28 de abril, diz que a Shopee se distancia de concorrentes em atividade no Brasil no que diz respeito à permissibilidade para a comercialização de produtos de origem ilícita. A ação pede que a Justiça adote medidas que tornem a plataforma compatível com a legislação brasileira, respeitando os direitos básicos dos consumidores.

Os pedidos apresentados passam pela implementação de controle de cadastro e perfil de usuários, exigência de emissão de notas fiscais, exclusão de ofertas e vendedores de produtos falsificados ou de outra forma ilícitos, canais de reclamação e devolução de produtos, entre outros.

Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria, diz que a Shopee aderiu ao Guia de Boas Práticas e Orientações às Plataformas de Comércio Eletrônico, elaborado pelo Conselho Nacional de Combate à Pirataria. No entanto, a visão das entidades que movem a ação é que não houve mudança de postura.

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Shopee tem mais de 2 milhões de vendedores brasileiros e mais de 85% de suas vendas aqui no País são de vendedores locais Foto: Edgar Su/Reuters

“Estamos identificando que não há o cumprimento das posturas descritas no guia. Queremos que a empresa assuma os compromissos e tome medidas práticas e proativas”, afirmou ao Estadão/Broadcast.

Para ele, os mecanismos de busca e banimento automático de anúncios problemáticos têm de ser aprimorados pela plataforma.

A ação narra ainda que os vendedores indicados pela Shopee são aqueles que mais vendem e acabam por ganhar benefícios por isso. “Pela dinâmica da plataforma, quanto mais produtos falsificados vendidos, melhor a reputação do vendedor na plataforma, que passa a ser um ‘vendedor indicado’. O posicionamento de seus produtos é melhor, dentre outros benefícios”, diz o texto.

Procurada, a Shopee não se manifestou até a publicação deste texto. Segundo números públicos, a companhia tem mais de 2 milhões de vendedores brasileiros e mais de 85% de suas vendas aqui no País são de vendedores locais. Nos bastidores, a empresa afirma ter políticas de combate à comercialização de produtos piratas, tanto atendendo denúncias de marcas, quando de maneira proativa.

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