Silicon Valley Bank, ‘banco das startups’, é fechado pelo governo americano

Banco era a 16ª maior instituição financeira dos Estados Unidos e anunciou nesta semana um prejuízo bilionário

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Por Rob Copeland, Emily Flitter e Maureen Farrell
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - Se existe um máxima duradoura no setor bancário, é esta: não fique sem dinheiro.

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O Silicon Valley Bank, instituição financeira de alguns dos maiores nomes do mundo da tecnologia, fez exatamente isso nesta sexta-feira, 10, tornando-se o maior banco americano a falir desde a crise financeira de 2008. O movimento colocou quase US$ 175 bilhões em depósitos de clientes, incluindo dinheiro de alguns dos maiores nomes do mundo da tecnologia, sob o controle da Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC).

Foi um desfecho extraordinário, menos de dois dias depois de o banco ter chocado Wall Street e seus correntistas com medidas emergenciais para levantar dinheiro e evitar um colapso, diante de pedidos de retirada de recursos por parte dos clientes e de um declínio vertiginoso no valor de seus investimentos. O banco, na manhã desta sexta-feira, estava trabalhando com consultores em uma possível venda, disse uma pessoa com conhecimento das negociações, e teve de interromper a negociação de suas ações na Bolsa após uma queda expressiva.

Sede do SVB em Santa Clara, Califórnia Foto: Justin Sullivan / Getty Images via AFP

A FDIC, instituição que tem por função garantir os depósitos bancários dos EUA, criou um novo banco, o National Bank of Santa Clara, para manter os depósitos e outros ativos do SVB. O regulador disse em um comunicado à imprensa que a nova entidade estaria operando na segunda-feira e que os cheques emitidos pelo antigo banco continuariam a ser compensados.

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Mas para os clientes com depósitos totalizando mais de US$ 250 mil, a notícia foi sombria. Clientes com contas que ultrapassam esse valor - o máximo coberto pelo FDIC - receberiam certificados de seus recursos, o que significa que eles estariam entre os primeiros a serem pagos - embora potencialmente apenas parcialmente - com fundos recuperados enquanto o FDIC mantém o Silicon Valley Bank em concordata.

Mas talvez a preocupação mais imediata dos investidores seja a possibilidade de que outros bancos enfrentem seus próprios problemas.

As ações do First Republic e do Signature Bank em Nova York, por exemplo, caíram mais de 20% nas negociações desta sexta-feira. Bancos maiores ficaram mais isolados das consequências. Depois de uma queda na quinta-feira, as ações do JPMorgan, Wells Fargo e Citigroup subiram hoje.

Quando os bancos sofrem perdas financeiras, é e deve ser motivo de preocupação

Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA

A queda nas ações dos bancos não significa necessariamente que outros bancos estão enfrentando o mesmo problema.

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A espiral do Silicon Valley Bank acelerou com uma velocidade incrível esta semana, mas seus problemas estão fermentando há mais de um ano. Fundado em 1983, o banco, com sede em Santa Clara, Califórnia, era uma referência financeira para startups e seus executivos.

Embora o Silicon Valley Bank se anunciasse como um “parceiro para a economia da inovação”, estava sendo abalado por decisões absolutamente antiquadas. Para competir com nomes maiores, há muito tempo se vangloriava de padrões de empréstimo mais flexíveis para empresas iniciantes e se oferecia para pagar taxas de juros mais altas sobre depósitos do que seus rivais maiores.

Cheio de dinheiro de startups de sucesso, o banco comprou grandes quantidades de títulos há mais de um ano, pouco antes de o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) começar a aumentar as taxas de juros. Como seus pares, o Silicon Valley Bank manteve apenas uma fração dos depósitos em seus cofres e investiu o restante, com a esperança de obter retorno.

Em particular, o banco colocou os recursos dos clientes em títulos de longo prazo do Tesouro americano e em títulos hipotecários que, embora as taxas de juros fossem baixas, prometiam retornos modestos e estáveis.

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Isso funcionou bem por anos. Os depósitos do banco dobraram de US$ 49 bilhões em 2018 para US$ 102 bilhões no final de 2020. Um ano depois, em 2021, seus cofres estavam com US$ 189,2 bilhões, pois startups e empresas de tecnologia tiveram lucros inebriantes durante a pandemia.

Quando o Federal Reserve começou a aumentar as taxas de juros, no ano passado, no entanto, essas participações se tornaram menos atraentes, porque os títulos mais novos do governo pagavam mais juros. Isso poderia não ter importância, desde que os clientes do banco não pedissem seu dinheiro de volta.

Mas, ao mesmo tempo em que as taxas de juros subiam, o ambiente para financiamento de startups secou, pressionando os clientes do banco - que começaram a sacar seu dinheiro. Para pagar esses pedidos de resgate, o Silicon Valley Bank teve de vender alguns de seus investimentos exatamente na hora errada. Em sua divulgação surpresa na quarta-feira, 8, o banco admitiu que havia perdido quase US$ 2 bilhões quando foi forçado a vender algumas de suas participações.

A turbulência levantou paralelos desconfortáveis com a crise financeira de 2008 - a última vez que um banco dessa magnitude se desfez. Então, como agora, o que parecia ser uma economia aquecida de repente esfriou, pressionando os bancos.

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“É o clássico problema de Jimmy Stewart”, disse Sheila Bair, ex-presidente da FDIC, referindo-se ao ator que interpretou um banqueiro tentando evitar uma corrida ao banco no filme “It’s a Wonderful Life”. “Se todo mundo começar a sacar dinheiro de uma vez, o banco terá de começar a vender alguns de seus ativos para devolver o dinheiro aos depositantes.”

Uma porta-voz do banco não respondeu a um pedido de comentário. Representantes do Federal Reserve e do FDIC se recusaram a comentar.

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