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Softbank tem baixa de US$ 4,1 bi com América Latina, revê portfólio e segue com pé no freio

Grupo entrou em ‘modo defensivo’ devido às mudanças no mercado global em 2022, mas não descarta investir em ‘boas oportunidades’, com foco em inteligência artificial

Foto do author Altamiro Silva Junior
Foto do author Aline Bronzati
Atualização:

SÃO PAULO E NOVA YORK - O Softbank, um dos maiores investidores de tecnologia do mundo, conseguiu reduzir as suas perdas após brecar novos aportes e passar a ter um olhar mais criterioso para os seus investimentos. Mas a lição de casa não conseguiu reverter ainda os resultados no vermelho, com um novo prejuízo de bilhões de dólares em meio a um ambiente de juros altos, inflação e crescimento econômico em desaceleração no mundo.

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O Softbank reportou prejuízo de US$ 7,2 bilhões no ano fiscal encerrado em março, ante perda de US$ 12,2 bilhões no período anterior, e promete seguir cauteloso com novos investimentos. Na América Latina, a baixa foi de US$ 4,1 bilhões no ano fiscal, valor impactado por uma reavaliação do valor justo das empresas que o fundo investe, conforme seus demonstrativos financeiros.

Na região, entre suas apostas, há nomes como QuintoAndar, Rappi, Creditas, banco Inter, Pismo e Nubank, em um total de mais de 80 empresas. O Softbank não detalha em quais delas reavaliou o valor para baixo.

Os fundos Vision Fund 1 e 2 e as duas carteiras de investimentos na América Latina tiveram perdas de US$ 39 bilhões no ano fiscal encerrado em março. Considerando só no trimestre, o prejuízo foi de US$ 2 bilhões.

A cautela do fundo em fazer novos investimentos fica evidente nos montantes que vem liberando nos últimos meses, que estão em queda. No primeiro trimestre de 2021, o Vision Fund 1 e 2 disponibilizaram US$ 15 bilhões em novos aportes. Já no trimestre mais recente, foram apenas US$ 400 milhões, ante US$ 300 milhões do anterior.

Yoshimitsu Goto, vice-presidente sênior do Softbank, conta que o grupo está em “modo defensivo” devido às várias mudanças no mercado global desde 2022, que aumentaram a volatilidade dos preços dos ativos e tiveram como episódio mais recente a quebra de bancos americanos. “Reduzimos novos investimentos e reduzimos dívidas”, comenta ele em um vídeo.

Softbank entrou em 'modo defensivo' devido às mudanças no mercado global em 2022 Foto: Issei Kato/Reuters

Nesse ambiente, o caixa do Softbank saltou para 5,1 trilhões de ienes (US$ 37 bilhões) e o executivo afirma que está pronto para enfrentar eventuais novas turbulências no mercado. O foco agora para os investimentos, afirma Goto, é a inteligência artificial. “Nossa estratégia é manter o modo defensivo, mas estarmos prontos para aproveitarmos boas oportunidades.”

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O CEO do SoftBank Group International, Alex Clavel, afirmou recentemente que o momento atual é “difícil” e que o fundo segue priorizando negócios dentro de casa, sem novos aportes. O grupo, por exemplo, tem várias empresas prontas para abrir o capital, só aguardando a reabertura do mercado.

“Essa desaceleração dos últimos dois anos é um pouco difícil... Mas, quando você tem um conjunto de fundadores que estão realmente famintos e agressivos e são lutadores de rua, estamos sempre muito animados em apoiá-los”, disse Clavel, na Brazil at Silicon Valley (SVB), conferência organizada por estudantes brasileiros das universidades de Stanford e Berkeley, em Santa Clara, na Califórnia (EUA).

Ao todo, os fundos do Softbank possuem um total de US$ 166 bilhões em recursos comprometidos. Na América Latina são US$ 7,6 bilhões. Na região, já fez 105 investimentos, avaliados em US$ 5,7 bilhões.

Pelo caminho

Às vésperas de o fundo japonês apresentar seus resultados, o ex-Softbank Marcelo Claure deu detalhes sobre a sua visão “tech” na atualidade. Ele foi entrevistado pelo chairman do BTG Pactual, André Esteves, em evento dedicado à tecnologia, durante a semana do Brasil em Nova York.

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Para o ex-Softbank, algumas empresas que receberam investimentos no passado vão acabar ficando pelo caminho. Isso porque determinados negócios não são viáveis e não deveriam ter sido acelerados, disse, em evento do BTG, de acordo com uma fonte que esteve presente e que aceitou falar na condição de anonimato, uma vez que era fechado à imprensa.

Claure ajudou a montar as operações do fundo na América Latina e a transformá-lo em um dos maiores investidores de tecnologia do mundo. Mas, no fim do ano passado, deixou o grupo em meio a desavenças com o fundador do Softbank, Masayoshi Son, e criou sua própria gestora. Atualmente, é chairman da varejista chinesa Shein.

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