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Stellantis vai investir ‘mais do que a concorrência’ para produzir carro híbrido a etanol no Brasil

Presidente do grupo que é dono da Fiat e da Jeep, Antonio Filosa apresenta resultados de testes que confirmam a eficiência do etanol na eletrificação

Foto do author Cleide Silva
Atualização:

A Stellantis, dona das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, mais uma vez defendeu o uso do etanol como vetor da eletrificação de veículos no Brasil, solução que a companhia vê como mais viável e menos custosa. Disposto a fortalecer sua estratégia, o presidente da companhia na América do Sul, Antonio Filosa, afirmou nesta sexta-feira, 31, que o próximo ciclo de investimentos do grupo “será maior que a soma de todos os concorrentes”.

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O plano atual de investimento da companhia para a região é de R$ 16 bilhões para o período 2018 a 2025, mas o próximo pode ser para um prazo mais curto, de cinco anos, porém de gastos voltados ao início da produção dos modelos híbridos flex. “Teremos de fazer tudo aqui, inclusive com fornecedores locais, pois não vamos trazer kits de fora para montar aqui”, disse o executivo em encontro com jornalistas em São Paulo.

Segundo Filosa, em parceria com universidades, empresas do setor sucroalcooleiro e de autopeças, a empresa trabalha no desenvolvimento da tecnologia de carros híbridos (usam um motor elétrico e outro a combustão) a etanol. Num prazo mais longo, pretende desenvolver modelos a célula de combustível, tendo o etanol como indutor do hidrogênio que fornecerá a energia para o veículo.

Para mostrar a eficiência do combustível da cana-de-açúcar, a Stellantis, em parceria com a Bosch, simulou um teste dinâmico em tempo real em um veículo com quatro fontes de energia para comparar os níveis de emissão de CO2 de cada um.

Os resultados com o uso de um carro flex abastecido só com etanol, e de outro 100% elétrico com a energia renovável do Brasil emitiram de 15,2% a 64,6% menos CO2 na comparação com as versões a gasolina e 100% elétrica, mas com a energia não renovável da Europa (veja quadro). Hoje o setor de transporte é responsável por 13% das emissões de CO2 em todo o País.

Filosa avaliou que cada país precisa avaliar qual solução é melhor para seu mercado em termos de tecnologia e custos. Parta ele, como aponta o resultado do teste, a opção mais viável é o etanol com eletrificação

'Não vamos trazer kits de fora para montar aqui', diz Filosa Foto: Fábio Franci/Studio Cerri/Stellantis

“O etanol mobiliza centros de pesquisas, usinas com alta tecnologia, gera riqueza para o País e desenvolvimento social.” O carro 100% elétrico também é um opção, afirmou, mas mais adiante, quando o preço das baterias caírem mais.

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Ele sugeriu também que o governo deveria encabeçar um projeto de desenvolvimento para o etanol que envolvesse o Brasil, os países da região (especialmente a Argentina) e outros, como a Índia, que tem interesse em carros flex e pode ser importante parceiro comercial.

O presidente da Stellantis disse que, no momento, carros elétricos de entrada (os mais baratos) não são viáveis. Por outro lado, ele está se empenhando na volta dos chamados carros populares (nomenclatura que foi substituída por de entrada) ao mercado brasileiro. Hoje, só há dois modelos à venda considerados de entrada, o Renault Kwid, que custa R$ 68,2 mil) e o Fiat Mobi, a R$ 69 mil.

Na visão de Filosa, é necessário primeiro definir o conceito de carro popular que, para ele, é pequeno, mais simples, com menos equipamentos, porém seguro. Para baratear o preço, ele afirmou ser necessário reduzir impostos, definir quais seriam os itens de segurança essenciais e baratear o crédito.

O carro com motor 1.0 hoje já tem Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) menor que o dos demais, mas é usado também em carros de maior valor, como aqueles com motor turbo. Filosa acredita que o tema deve ser levado ao governo federal, mas até agora não houve nenhum encontro para tratar especificamente desse assunto.

Reciclagem

Outra iniciativa da Stellantis é criação de uma unidade de negócios dedicada à economia circular, chamada globalmente de Sustanera. No Brasil, segundo Filosa, o grupo terá parceria com uma empresa de reciclagem que vai trabalhar no reaproveitamento da maioria dos componentes dos automóveis.

“Nossa intenção é instalar uma atividade industrial de reciclagem”, informou o executivo. “Buscamos um parceiro superqualificado e, se der certo, vamos decidir onde será a unidade”. O grupo já tem uma unidade de remanufatua de peças desde outubro de 2022.

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