Investir em uma graduação, mestrado, pós-graduação e MBA pode abrir portas para melhores oportunidades profissionais. Segundo uma pesquisa realizada em 2022 pelo Business Marketing International (BMI), empresa organizadora do Salão do Estudante, 6 em cada 10 brasileiros gostariam de estudar fora do país.
Monique Souza, PhD em entomologia, e Sara Stofela, PhD em engenharia química, compartilham da experiência de conseguirem bolsas em universidades norte-americanas. Ambas estudaram no exterior e hoje estão à frente da PHDNOSEUA, consultoria em bolsas de pós-graduação nos Estados Unidos.
Em conversa com o Estadão, elas explicam como ter bolsas aprovadas em diversas universidades, entre elas Harvard e Yale.
Leia também
Segundo Souza, o caminho mais eficaz para obter uma bolsa integral nos EUA é por meio de pós-graduação, como mestrado, doutorado e pós-doutorado.
Segundo ela, a concorrência para graduações nos Estados Unidos é alta, principalmente porque os próprios americanos preferem fazer graduação no país.
Além disso, as bolsas de graduação são raras e geralmente reservadas para estudantes excepcionalmente talentosos ou atletas.
“A pós-graduação apresenta uma competitividade muito menor”, afirma Souza. “Muitos americanos optam por entrar diretamente no mercado de trabalho após a graduação, o que deixa uma maior disponibilidade de bolsas para estudantes internacionais”, completa.
Stofela explica que os Estados Unidos investem bilhões de dólares em pesquisa, a maioria destinada às universidades, criando uma demanda por mão de obra qualificada para conduzir esses projetos.
“Quem realiza as pesquisas não são os professores, e sim os alunos de mestrado, doutorado, estágio de pesquisa e pós-doc, já que os americanos, por si só, não suprem a necessidade dessa mão de obra”.
Seleção para bolsas gratuitas nas universidades americanas
O processo seletivo é todo feito online, direto nos portais das universidades, na maioria das vezes, e os documentos são semelhantes entre elas.
“Geralmente são solicitados currículo, carta de motivação, cartas de recomendação, históricos escolares e uma nota mínima em um teste de proficiência em inglês, como o Toefl”, esclarece Stofela.
Às vezes é necessário seguir um prazo de inscrição específico, enviar um documento extra ou fazer contato com algum professor que possui recursos para a bolsa.
“Cada universidade tem sua orientação, e essas bolsas são referentes à função de pesquisa (research assistantship) ou de auxiliar de professor (teaching assistantship)”, afirma Stofela.
Ou seja, são bolsas em troca de trabalho na universidade e, por isso, existem mais oportunidades.
É necessário ser fluente em inglês?
Elas dizem que para fazer um PhD nos Estados Unidos não é necessário ter fluência em inglês. As universidades americanas oferecem suporte linguístico como parte de seus programas.
“Os candidatos precisam apenas ter uma noção básica do idioma e passar em uma prova de proficiência essencial”, afirma Souza.
Ela conta que algumas universidades oferecem até um ano e meio de aulas de inglês para que o aluno se adapte ao novo ambiente acadêmico.
Portanto, mesmo sem um nível avançado de inglês, é possível se candidatar e conseguir uma bolsa de estudos.
Passo a passo para conseguir bolsa
- Procure universidades: liste universidades que oferecem programas de pós-graduação. Pesquise de acordo com estados e locais onde gostaria de morar e escolha em quais universidades vai se candidatar. O processo é unificado, então é possível se candidatar em várias universidades simultaneamente.
- Escolha o programa: identifique qual departamento em cada universidade oferece programas alinhados com a sua área de interesse.
- Requisitos de candidatura: verifique os requisitos de cada departamento para a candidatura.
- Documentação: prepare todos os documentos necessários, como cartas de apresentação, teste de proficiência de inglês, cartas de recomendação de seus superiores e traduções juramentadas dos seus históricos escolares.
- Envio da candidatura: inscreva-se nas universidades desejadas e pague uma taxa de inscrição, que varia de US$ 25 a US$ 70 (R$ 140 a R$ 390) por universidade, mas pode ser isenta em alguns casos.
- Aprovações e escolha: após a candidatura, você poderá receber aceites de várias universidades. Escolha a universidade que melhor atenda aos seus interesses profissionais e pessoais e informe sua decisão.
- Processo de visto: com a aprovação, inicie o processo de obtenção do visto.
“As universidades americanas emitem documentos necessários para o visto rapidamente”, declara Souza. “Existem dois tipos de visto comuns: o F e o J. O visto F é para estudantes e o visto J é para estudantes que vão com a família e permite que o cônjuge trabalhe legalmente nos EUA”, completa.
Investimentos necessários
Existem alguns custos envolvidos no processo de candidatura, como tradução dos históricos escolares e certificados, prova do Toefl ou similar e taxas da candidatura às universidades.
“Esse custo fica entre R$ 2 mil e R$ 4 mil. Após aprovado, o aluno é responsável pelo custo do visto de estudante e da passagem, e a bolsa começa a ser paga normalmente após um mês do início do programa”, esclarece Stofela.
- Traduções juramentadas: entre R$ 200 e R$ 800, dependendo do volume de documentos
- Teste de proficiência em inglês: cerca de US$ 215 (R$ 1.200)
- Taxa de inscrição: varia de US$ 25 a US$ 70 (R$ 140 a R$ 390) por universidade, mas pode ser isenta em alguns casos
Como aumentar suas chances
Para aumentar suas chances de conseguir uma bolsa, é essencial dedicar atenção especial à carta de apresentação, destacando suas experiências e potencial como candidato. Segundo Souza, “a carta de apresentação é fundamental e deve destacar suas experiências e seu potencial”.
Estude a instituição, os professores e os projetos de pesquisa. Mostre em seus documentos que você tem um interesse genuíno e que se encaixa bem no perfil da universidade.
Entre em contato com professores e coordenadores antes de enviar sua candidatura para demonstrar seu comprometimento e interesse.
Avaliação de clientes
No site Reclame Aqui, não há uma página específica para a empresa PHDNOSEUA, mas os serviços da consultoria são citados por clientes que os compraram por meio de outras plataformas de cursos, como Hotmart.
Alguns deles dizem que o serviço é vendido como uma mentoria, mas não há atendimento individualizado e conseguiram apenas informações automatizadas e gerais na plataforma.
No Google, não há avaliações da empresa.
Sara Stofela diz que a empresa tem três formatos de consultoria: a Mentoria Método PHDNOSEUA , a Mentoria One-2-One, e a consultoria por hora.
“Na Mentoria Método PHDNOSEUA, temos um formato de mentoria em grupo, como sinalizamos no nosso site. Nesse modelo o mentorado pode tirar dúvidas individuais ilimitadamente através da comunidade do Método PHDNOSEUA. Respondemos a 100% das perguntas por lá, de forma individual. Além disso, temos os pacotes de correções de documentos que são individuais, ou seja, seus documentos são corrigidos por nós e nossa equipe. E para complementar, além de toda metodologia e bônus, oferecemos as mentorias em grupo que ocorrem mensalmente”, afirma.
Segundo ela, na Mentoria One-2-One, é aplicada toda a metodologia ensinada no Método PHDNOSEUA, com o diferencial de a mentoria ser individual, realizada diretamente com as sócias. “Indicamos esse formato para os mentorados que buscam um atendimento ainda mais personalizado e possuem menos disponibilidade de tempo.”
“A consultoria por hora é um serviço contratado para uma call individual comigo ou com a Monique, podendo usar essa hora para tirar qualquer tipo de dúvida em relação ao processo e ao caso específico”, diz Stofela.
Especialista diz que estudar fora é importante, mas tem de escolher bem
“Um profissional que fez uma pós-graduação no exterior chama atenção positivamente”, diz o mentor de carreiras Hugo Liguori. Segundo ele, um profissional que busca uma pós em outro país passa a impressão de que está mais preparado e buscando algo a mais profissionalmente. “A gente percebe que tem um nível de dedicação extra para se fazer uma pós-graduação fora”.
O mentor enfatiza a importância de alinhar a escolha da pós-graduação com os objetivos de carreira, fazendo uma leitura de como ela pode realmente contribuir com a percurso que o profissional está trilhando.
“Eu diria que o principal cuidado que se deve tomar ao buscar uma pós no exterior é fazer algo que seja realmente relevante, que possa realmente contribuir para a carreira de acordo com o plano de carreira”, orienta.
Ele destaca ainda as dificuldades envolvidas nesse processo. Segundo Liguori, é difícil custear a pós-graduação e fazer uma adaptação da vida para se afastar do trabalho por um tempo.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.