Lei que regula IA em processos seletivos entra em vigor em Nova York nesta quarta

Medida exige que empresas que usem IA nos processos seletivos contratem ‘auditoria de viés’ e é primeira lei do tipo nos EUA

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Foto do author João Scheller
Atualização:

Empresas da cidade de Nova York que utilizam ferramentas automatizadas para a seleção ou promoção de colaboradores passarão a ter que contratar uma “auditoria de viés”, segundo nova regulação da cidade, que começa a valer nesta quarta-feira, 5.

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A medida é a primeira do tipo a entrar em vigor nos Estados Unidos, em meio à onda de discussões cada vez mais frequentes sobre o uso de inteligência artificial (IA) no mercado de trabalho.

A regulação ainda obriga as empresas a notificar os candidatos de que um sistema automatizado de seleção está sendo usado, além de permitir que eles peçam informações sobre os dados coletados e utilizados no processo. Já as auditorias devem ser renovadas a cada ano para a manutenção do uso de IA nos processos seletivos.

Reunião em escritório da empresa de operações financeiras Commonbond em Manhattan. Nova regulação exige auditoria de sistemas de IA para seleção de funcionários em Nova York Foto: Jeenah Moon/The New York Times

Medida visa combater viés algorítmico

A medida visa combater o chamado viés algorítmico, que diz respeito à tendência que diferentes códigos podem ter com base nos dados utilizados para a sua programação.

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Uma ferramenta de recrutamento automatizado de uma companhia, por exemplo, pode ser programada para escolher bons currículos com base nos últimos processos seletivos coordenados por funcionários da empresa nos últimos anos.

O viés algorítmico poderia ser percebido caso a IA, ao usar os dados antigos, reproduzisse também seus vieses, como a priorização de candidatos de determinados gêneros ou grupos étnicos.

A lei, publicada inicialmente em 2021, vale para empresas que operam ou contratam na cidade de Nova York.

“Essa mudança atinge critérios de transparência, equidade e validade. Eles estão proporcionando transparência para as pessoas que estão participando do processo seletivo. Equidade, por meio da análise de vieses. E validade, ao coletar somente informações que tem relação com as competências do cargo”, afirma Juliana Barreiros Porto, professora de Psicologia Organizacional da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho.

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Para ela é possível replicar a legislação nova-iorquina no Brasil, mas levando em conta a definição de quais órgãos ou empresas seriam responsáveis por auditar os sistemas.

“Os conselhos de classe poderiam ser instâncias para se submeter esses processos de auditoria ou as associações científicas da área”, afirma. “Se deixarmos somente sob responsabilidade de empresas particulares ou de consultorias talvez não vamos atingir o que se pretende com esse processo”, completa.

O uso de inteligência artificial nos processos seletivos também tem aumentado no Brasil e vem gerando reclamações de candidatos, como mostrou o Estadão. Especialistas em recrutamento pedem uma transparência maior das empresas que coordenam processos com este tipo de tecnologia justamente para evitar a ocorrência de viés algorítmico.

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