Ser rejeitado no trabalho, seja por uma demissão inesperada ou pela frustração de uma promoção negada, pode abalar profundamente até os líderes mais experientes. Apesar de serem vistos como figuras de estabilidade, lideranças também enfrentam crises emocionais que desafiam sua autoconfiança. O Estadão conversou com uma especialista em liderança para buscar as melhores dicas que ajudem líderes a reconstruír a autoestima na carreira.
Para a educadora corporativa Tábata Lopes, o primeiro passo para superar essas situações é evitar levar para o lado pessoal. “É essencial enxergar como mais uma adversidade e entender como aprendizado, mas que não faça a pessoa duvidar da sua própria competência”, aponta.
A especialista reforça que é preciso reconhecer que muitas situações são externas e não necessariamente indicam incompetência.
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Supondo que a liderança não recebeu a promoção esperada ou foi demitida com explicações superficiais, evite agir de maneira impulsiva. Após o ocorrido, tome estas quatro medidas:
- Analise o ocorrido com calma
- Identifique fatores internos e externos que podem ter contribuído
- Liste seus pontos de fraquezas e pontos fortes
- Escolha pessoas em que confia para conversar
Também é momento de refletir. Tábata aconselha se perguntar: “O que posso melhorar para evitar que isso aconteça novamente?”.
Depois de observar com calma alguns recortes da situação, a educadora recomenda revisitar conquistas e sucessos passados para reforçar a confiança e relembrar o próprio valor.
Na jornada de recuperação da autoestima, alguns comportamentos podem afetar a evolução da liderança.
Líderes com ego inflado podem enfrentar mais dificuldades
Segundo a educadora corporativa, líderes com perfis narcisistas ou com ego inflado tendem a supervalorizar suas qualidades e têm uma visão distorcida de si mesmos.
Essas características podem dificultar o processo de autoconhecimento. Como resultado, em situações desafiadoras, enfrentam mais obstáculos para lidar com momentos de adversidade, como uma demissão ou a não concretização de um projeto.
Um exemplo disso é atribuir o insucesso a fatores externos, como “sabotagens”, em vez de fazerem uma análise realista das suas responsabilidades e pontos de melhoria.
Vale a pena considerar a contratação de um mentor ou, pelo menos, pedir um feedback honesto a alguém de confiança. Muitas vezes, a pessoa não percebe certos aspectos porque está presa em um ponto cego. Recomendo buscar realocação no mercado apenas quando tiver superado o impacto inicial da frustração e estiver mais preparado emocionalmente.
Tábata Lopes, educadora corporativa
A falta de autoconhecimento prejudica a capacidade de aceitar críticas construtivas e de buscar mudanças necessárias, afirma Tábata. Por isso, segundo ela, o autoconhecimento torna-se um aspecto tão importante na hora de recuperar a autoestima após um episódio frustrante no trabalho.
Dicas para a recuperar a autoestima no trabalho
- Esqueça o imediatismo: não tome decisões no calor da emoção, espere um tempo para processar melhor a situação.
- Invista em autoconhecimento: reflita sobre sua parcela de responsabilidade e busque identificar pontos de melhoria. Caso não consiga sozinho(a), busque um mentor ou uma pessoa de confiança
- Peça feedback: na hora de recalcular a rota, buscar opiniões sinceras de mentores, colegas ou profissionais de confiança é essencial.
- Não se anule: revisite realizações passadas e anote todas as conquistas da vida profissional para reforçar a autoconfiança.
- Ação planejada: após superar o impacto emocional no primeiro momento, reative a rede de contatos, vá a eventos e aumente o networking.
O que não fazer
- Tomar decisões impulsivas: evitar ações imediatas movidas pela frustração ou tristeza.
- Carregar a frustração para a equipe: não deixe que a insatisfação pessoal impacte negativamente os liderados.
- Negligenciar o autocuidado: a falta de cuidado e tempo para si mesmo pode afetar o desempenho pessoal e o da equipe.
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